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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

Tom Jobim: Um brasileiro em Nova Iorque

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

Em 1954, Dick Farney e Lúcio Alves gravam Teresa da Praia, o seu primeiro êxito, que compôs com Billy Blanco. Meses depois Jobim é apresentado a Vinicius de Moraes, com quem lança em 1956 a primeira parceria (Orfeu da Conceição, que mais tarde foi regravado com o nome de Orfeu Negro). Em 1958, Elisete Cardoso grava o tema Canção do Amor Demais, composição de Tom Jobim, com participação do próprio Jobim, de Vinicius de Moraes e de João Gilberto. Esta gravação é reconhecida como o arranque do movimento bossa nova. No mesmo ano Jobim compõe com Newton Mendonça o tema Desafinado, um contra-ataque mordaz aos críticos que na altura tentavam desacreditar a bossa nova.

Em 1962 Jobim vai a Nova Iorque e actua no Festival da Bossa Nova, que decorre a 21 de Novembro no Carnegie Hall. Os americanos estão muito interessados na bossa nova e querem rapidamente aprender os segredos desta música melodiosa e tropical que os brasileiros lançaram. Para lá da sua aparente simplicidade e até ligeireza, a inovação nas melodias e harmonias e sobretudo a orquestração fazem da bossa nova uma música tecnicamente exigente e plena de originalidade. Esta força criativa revela-se em Jobim nas construções harmónicas e melódicas, bem como na ligação à técnica dodecafónica, que aprendeu através de Hans-Joachim Koellreuter (seu professor de música na adolescência).

O sucesso é enorme e os Estados Unidos passam a ser a segunda pátria da bossa nova. Jobim volta de forma recorrente aos Estados Unidos até à data da sua morte, compõe, grava e edita vários discos neste país, participa em inúmeros espectáculos e cria a sua própria editora, a Corcovado Music. Grava diversos trabalhos com Frank Sinatra e em nome próprio, participa frequentemente em discos de outros artistas e mantém colaboração com diversos músicos, principalmente na área do jazz.

Repartido entre o Brasil e os Estados Unidos, Jobim é cada vez mais um cidadão do mundo, um embaixador da bossa nova. Aprofunda os seus estudos musicais sobre compositores eruditos (principalmente Villa-Lobos e Debussy), pesquisa os sons da cultura brasileira, que cruza com elementos jazz nas músicas que compõe (como no caso dos discos Matita Perê e Urubu), grava discos com outros artistas brasileiros (Elis Regina, Miucha, Edu Lobo, Gal Costa), compõe sinfonias e bandas sonoras para diversos filmes, actua em shows em nome próprio ou em parceria com outros artistas. Quando está no Rio encontra-se com os amigos na Plataforma (posteriormente baptizada de Bar do Tom), casa de espectáculos situada no Leblon, entre a praia e o Largo Rodrigo de Freitas. Neste recinto com 3 zonas (bar, restaurante e sala de espectáculos) é no bar que é frequente encontrá-lo, em amenas cavaqueiras com os seus amigos de sempre e com quem se lhes quiser juntar.

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