Antes de serem os músicos conhecidos que são, Tonico e Tinoco trabalharam na roça, na região de Sorocaba. Desta forma, é com propriedade que falam: “Quero cuidar desse solo bendito/ Brasil querido conte comigo”. Falam da própria vida ao cantar: “Eu nasci no mato/ Me criei na roça”. Da vida deles e de tantos brasileiros que, “sem recurso para estudar, ganham a vida na luta pesada”. Fruto do meu trabalho, neste caso, não é uma metáfora, mas sim a concretude da lida na terra. Realidade de camponeses que, nesse Brasil cada vez mais urbano, estão na base da economia.
O tom singelo e até otimista da música, lançada em 1963, reflete a efervescência social e o clima de desenvolvimento que marcou o Brasil no governo João Goulart. De fato, ele valorizou as organizações de trabalhadores do campo como as Ligas Camponesas e os sindicatos rurais. Organizações que cresceram em número e em politização, tanto em épocas em que a resistência se impôs, quanto em momentos que resgataram aquele clima do governo Jango.
Fruto do Meu Trabalho
Compositores: Décio, Darley, Tonico e Tinoco/1963
Intérprete: Tonico e Tinoco
Eu nasci no mato/ Me criei na roça
Eu ganho a vida/ Na luta pesada
Mas sem recurso/ Para estudar
Eu sei apenas/ Manejar a enxada
Com fé em Deus/ Enfrento o trabaio
Com sol e chuva/ Frio e calor
Honestamente ganho meu pão
Contribuindo com a nação
Todo trabalho faço com amor
Ai muita vêz homenageado/ Arrespeitado agricultor
Um brasileiro soldado sem farda/ Guerra da fome sou batalhador
Eu nasci para ser roceiro/ Sou violeiro e bom cantador
Força no braço e no aço da enxada/ Minha terra sempre cultivada
Sou caboclo trabalhador.
Quero cuidar desse solo bendito/ Brasil querido conte comigo
Eu tenho orgulho de ser do batente/ O presidente é meu amigo
Amanhã cedo irei novamente/ Cuidar do campo molhado de orvalho
E com orgulho digo com certeza/ O alimento que vai em sua mesa
É o fruto do meu trabalho.
Fonte: Centro de Memória Sindical | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado