Desfrutar de música antiga em espaços religiosos históricos foi a proposta do Festival de Música Antiga de Torres Vedras, evento que teve a sua terceira edição, entre os dias 15 de maio e 13 de junho.
Um festival que, segundo o seu diretor artístico, Daniel Oliveira, ”traz energia positiva ao nosso quotidiano”, sugerindo-nos “uma autêntica viagem ao passado numa deliciosa degustação de sonoridades, cores e texturas musicais”.
Três concertos constituíram o programa desta terceira edição do festival: “Mudo Silencio Mio”, realizado na Igreja de S. Pedro da Cadeira, com a cantora e executante de cravo e harpa ibérica, Maria Bayley, que interpretou obras que evocaram sentimentos como a saudade, o medo e a esperança; “O Poema em música”, na Igreja de S. Pedro de Dois Portos, colocou a música e a palavra em diálogo, pela soprano Mariana Castello-Branco, acompanhada da viola da gamba de Ana Sousa e do cravo de Daniel Oliveira; e “O barroco em França, Itália e Alemanha”, realizado na Igreja da Graça, levado a cabo pelo ensemble barroco Ars Eloquentia, que, dando a conhecer a flauta travessa (também conhecida como flauta barroca), acompanhou a mezzo soprano Carolina Figueiredo e a soprano Patrycja Gabrel.
Nestes concertos foi proporcionada uma autêntica viagem pela música dos séculos XVI, XVII e XVIII, de compositores tão remotos como Monteverdi, Durón ou Lorenzo Romero, até aos compositores mais consagrados do barroco como Bach, Haendel ou Vivaldi, não esquecendo o repertório ibérico, rico pelo sua variedade e qualidade, tendo neste particular havido a oportunidade de se escutar obras de Santa Cruz de Coimbra ou do cancioneiro de Elvas.
Os concertos deste III Festival de Música Antiga de Torres Vedras foram devidamente comentados e contextualizados, alvo de transmissão online. Captaram a atenção de um “público virtual” de outros países (como Espanha, França, Itália, Polónia e Brasil), o que permitiu levar Torres Vedras e o seu património além-fronteiras. Relativamente à assistência presencial aos concertos, foi visível o caloroso interesse do público, que praticamente esgotou a lotação possível dos mesmos.
Como refere Daniel Oliveira: “Para além de artístico, este festival tem também uma missão social de levar música a todos, numa política cultural essencialmente descentralizada, de cultura de todos e para todos”.