Peça importante para os anseios da marca no difícil mercado europeu, a Toyota Avensis 2015 é um modelo inserido num segmento muito concorrido e de grande prestígio, e para concorrer com as marcas europeias que conhecem melhor o típico consumidor deste produto, surge melhorada em mais de mil componentes, apresentando um design moderno e equilibrado que resulta num conjunto que respira qualidade por todos os poros.
A Toyota preferiu motores diesel da Mercedes às suas já clássicas unidades, que montou nas versões 1.6 D-4D de 112 cv e do 2.0 D-4D de 143 cv.
Ensaiei a versão mais equilibrada e com motor mais poderoso. A Avensis é enorme e pesada e merece uma motorização eficaz, como é o caso desta unidade 2.0 D-4D que surgiu mesmo a tempo de uma viagem a Leiria para transportar os pertences de quem vai estudar longe e que, grosso modo, leva “uma casa” às costas.
Não cabia mais nada nesta Avensis, cuja bagageira vai dos 543 e os 1630 litros com a fila de bancos traseiros rebatida. Esta mala ainda tem um espaço para arrumar pertences por baixo do estrado e, como bom japonês que se preza, esta versão vem equipada com um sistema que acondiciona a bagagem tendo, inclusive, uma espécie de cinto de segurança.
Aos 1600 kg que a carrinha pesa, juntámos mais 300… enfim, mais ou menos. E foi assim que me fiz à auto estrada para perceber até que ponto a promessa de ser uma espectacular estradista seria ou não verdade.
Os 143 cv são perfeitos para uma auto estrada. Assim que atingimos a velocidade cruzeiro e memorizamos o cruise control, boa parte dos km são feitos a travar e acelerar com os botões +/- do volante, fazendo contas ao tempo de recuperação ou menor velocidade para podermos ultrapassar quem surge à frente e sempre sem a ajuda dessas coisas mundanas chamadas caixa de velocidade, travão e acelerador.
Confesso que me é um divertimento, mas que também me dá a conhecer muito do equipamento de segurança que equipa estes sofás modernos.
Sim, disse sofá. A Avensis é muito confortável, com bancos de pele totalmente ajustáveis (três memórias no banco do condutor), controles deslizantes de forma suave que ajudam à regulação perfeita. Os bancos são aquecidos, se desejarmos, mas não têm (horror) função de massagem nem SPA.
Há espaço a rodos, algum luxo, acabamentos dignos de registo, mesmo que se encontrem alguns plásticos duros aqui e ali, botões e comandos por todo o lado e um curioso acabamento a imitar grafite que não me seduziu (esta questão do gosto é sempre subjectiva, certo?).
Tudo está à mão tornando este peso pesado fácil de conduzir, contudo, o seu tamanho é bem real o que complica a vida na cidade. Acima de tudo, é muito confortável, tanto à frente como atrás, com espaço para os ocupantes (os bancos traseiros foram redesenhados para acomodar os mais altos europeus – nunca se esqueçam que a Toyota é nipónica) e muita bagagem.
O tablier é dominado pelo imenso ecrã táctil de 8″ (sim, é grande) que convida à interacção típica de um automóvel moderno: navegação e áudio (auxiliar e bluetooth), ligação ao smartphone, computador de bordo com um gráfico muito legível sobre o consumo instantâneo e ainda serve como TV para a câmara traseira o que, devido à dimensão da Avensis, dá realmente muito jeito.
Existe, contudo, um problema quanto a mim: a colocação do ecrã por baixo da ventilação, coloca-o demasiado baixo, o que provoca um constante baixar de olhos para consultar qualquer dado, principalmente aquando da navegação. Neste caso, prefiro sistemas colocados entre os ventiladores num ponto mais elevado.
A Toyota levou ainda mais longe esta dinâmica visual e também instalou um ecrã LCD a cores entre os manómetros. É neste que temos acesso a mais informação sobre os parâmetros, quilometragem, distâncias, consumos, estações rádio, etc..
Como gosto de uma posição de condução um pouco mais elevada, senti-me bem aninhado no banco e foi-me fácil chegar ao ideal, principalmente tendo uma viagem para fazer.
Posso dizer que cheguei fresco como uma alface, mesmo depois de todos os solavancos da A8 com um trânsito já complicado ao cair de um Domingo.
Percebi que este motor 2.0 é a unidade a considerar, pois tem genica suficiente para nos embalar em ultrapassagens rápidas e seguras. A potência demora algum tempo a chegar, mas quando o faz percebemos que podemos contar com ela, principalmente porque se confia nos equipamentos de segurança integrados e sofisticados, um conjunto de soluções a que a marca chama Safety Sense e que nos ajuda à condução: por exemplo, os máximos automáticos (perfeito), aviso sonoro quando pisamos um traço contínuo, sinalética de trânsito vertical e horizontal, travagem automática e avisos de possível acidente, até um grande quadrado vermelho que “exclama” TRAVE no ecrã entre os manómetros! Mas é melhor esquecer este último numa cidade como Lisboa que esconde surpresas a cada esquina e nem o melhor sistema do mundo pode ser tão rápido quanto os reflexos de um alfacinha.
O sistema de som é soberbo, o que aliado a uma insonorização fenomenal (nem se dá que temos um diesel ali à frente), é garante de grande conforto de utilização. Não me canso de repetir isto, pois essa é a verdadeira vocação deste modelo, bem construído e com um comportamento irrepreensível. Pode ser que o motor BMW possa permitir-lhe piscar o olho a quem gosta de soluções germânicas.
O Avensis tem quatro níveis de equipamento: Comfort, Exclusive, Luxury e Premium com preços entre os €29.890 para o 1.6 D-4D Comfort Sedan e os €45.640 para o 2.0 D-4D Premium Touring Sports (a versão deste ensaio).