As tragédias têm tenebrosos efeitos colaterais. Os mais repugnantes são os aproveitamentos religiosos e políticos.
Gil Vicente escreveu ao rei D. João III queixando-se de padres que assustavam o povo dizendo que um terramoto tinha sido castigo divino e que haveria outro na ” próxima 5ª feira”. Não teve sorte porque o Rei tinha recebido ordens dos Reis Católicos de Espanha para receber a Inquisição. Foi castigado e morreu sem resposta. 200 anos depois, o padre Malagrida diz que o terramoto de 1755 foi outro castigo divino e o Marquês de Pombal entregou-o à Inquisição.
Hoje não temos a igreja Católica a fazer essas ameaças- pelo menos enquanto lá estiver o Papa Francisco – , mas temos a Iurd e os Evangelistas no leme do ódio e da criação do pânico. Há dias morreu no Brasil um político que denunciava Bolsonaro… e uma adjunta teve o descaramento de citar a Bíblia citando o castigo divino!
Do ponto de vista político, há uma manipulação assustadora. Está em curso a tentativa de se descobrir a origem deste novo vírus de dimensão universal. A China anunciou recuperação lenta que foi saudada pelas instituições oficiais da Saúde, e imediatamente escribas e o espantalho de chinó loiro que manda nos States anunciaram que é preciso cuidado com as ditaduras!
Os efeitos dessa discriminação do ódio contra o “OUTRO”, na linha da exclusão humana dos imigrantes e dos “Excluídos” sociais, está a criar desenvolvimentos do vírus irreparáveis. Vão sofrer o efeito de boomerang e o prazer de vingança dos que têm sido esmagados pelas guerras intermináveis que têm criado.
Nada que nos dê prazer. Nós somos gente que não ficamos felizes com a infelicidade dos OUTROS.
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