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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

Trump cimenta posição mas enfrenta protestos

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Uma aliança invulgar entre dois candidatos republicanos tenta travar o empresário polémico, que também aspira a ser presidente dos EUA.

Enquanto nas primárias de 26 de Abril, Trump e Clinton vencem nos cinco estados, afastando ainda mais os adversários. Na Califórnia, novos confrontos entre simpatizantes e opositores ao empresário republicano, perto de um comício onde o mesmo voltou a defender a construção de um muro para travar a entrada de imigrantes mexicanos.

E Noam Chomsky, em discurso, assume defesa de Bernie Sanders.

 

Cruz e Kasich unem-se para travar Trump

Ted Cruz e John Kasich, candidatos republicanos à nomeação para as eleições presidenciais, anunciaram esta segunda-feira um acordo inédito: enquanto o senador texano não vai competir nas primárias do estado do Oregon nem do Novo México, que decorrem a 7 de Junho, Kasich, senador pelo Ohio, vai abster-se de fazer campanha no estado do Indiana, que votará a 3 de Maio.

Este acordo, com o claro objectivo de travar a ascensão de Donald Trump, é um sinal de que ambos os senadores reconhecem que o acordo é a única táctica possível contra Trump. Até agora, Cruz negara-se a conversar com Kasich, uma vez que este o culpava da vantagem detida pelo candidato Trump.

Se Ted Cruz enfrenta uma possibilidade de derrota, Kasich não tem nada a perder: venceu apenas num estado, quando um pré-candidato precisa de vencer em pelo menos oito primárias para ser nomeado pelo seu partido.

Este anúncio surge dias depois de Cruz ter sugerido na Florida que Kasich estava na corrida presidencial porque “podia estar a fazer audições para ser o vice-presidente de Trump”, e que o senador do Ohio “não tinha um caminho plausível” para a nomeação.

O jornal The Guardian cita o porta-voz do movimento Our Principles PAC, um grupo anti-Trump, que disse que a aliança era encorajadora e acrescentou: “Vemo-nos em Cleveland”, aludindo à convenção do Partido Republicano. Este acordo surge nas vésperas das primárias conhecidas como “Acela”, que decorrem em cinco estados norte-americanos.

O polémico candidato já reagiu através da sua conta da rede social Twitter: “Foi agora anunciado que Ted “Mentiroso” e Kasich vão conspirar para me impedir de obter a nomeação republicana. Desespero!”

 

Trump e Clinton vencem primárias e empresário ataca a ex-primeira-dama

Donald Trump (Partido Republicano) e Hillary Clinton (Partido Democrata) foram os vencedores das primárias de 26 de Abril, decorridas nos estados de Delaware, Connecticut, Maryland, Pennsylvania e Rhode Island. Enquanto a ex-primeira-dama ganhou com margens confortáveis nos cinco estados face ao seu adversário, o senador do Vermont Bernie Sanders, o empresário republicano deixou para trás os seus rivais Ted Cruz e John Kasich para alargar a sua margem de manobra.

No discurso aos apoiantes, frente às Trump Towers em Nova York, o empresário chamou a noite das primárias “a maior noite” da corrida até agora, declarou-se o “candidato provável” e um “unificador” do Partido Republicano, acrescentando sobre os rivais: “Deviam sair da corrida”, citado pelo Washington Post.

No mesmo discurso, aproveitou para atacar Hillary Clinton, dizendo que ela “seria uma presidente horrível” e que “se ela fosse um homem, não me parece que teria 5% dos votos”. E não parou: “eu chamei-lhe ‘Hillary Trapaceira’ porque ela é uma intrujona”; sobre o marido, Bill Clinton, criticou o acordo de livre comércio que promulgou enquanto presidente dos EUA, porque “foi um desastre para o país”. “Hillary vai ser fácil de derrotar”, concluiu Trump.

 

Comício de Trump na Califórnia gera protestos

Um comício de Donald Trump, na passada quinta-feira no estado da Califórnia, destacou-se pelos confrontos entre apoiantes do empresário e pessoas que se manifestavam contra as propostas visando a questão da imigração. Nesse comício, em Orange County, voltou a culpar os imigrantes ilegais pelo aumento do número de crimes violentos, como homicídios, bem como regressou à promessa da construção de um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México.

Fora do recinto, manifestantes criticavam e entoavam frases contra o candidato republicano, rodeados de centenas de agentes da polícia. A maioria manteve-se pacífica, mas um grupo pequeno tentou furar a barreira de carros da polícia e invadir o local do comício; o empresário chegou a dizer que “os nossos comícios são os mais seguros da Terra” e que gostaria de ter enfrentado os protestantes cara a cara.

Trump apostou no discurso patriótico e de devolução da América aos americanos: afirmou “se não temos fronteiras, não temos um país” e fez-se rodear dos membros de uma associação que junta as famílias dos que foram mortos por imigrantes ilegais. O Remembrance Project quer leis mais duras que visem os recém-chegados e é contestado pelos grupos de direitos dos imigrantes. Estes insistem que a associação dá uma ideia completamente errada do número de imigrantes envolvidos no crime violento.

 

Noam Chomsky elogia Bernie Sanders: “homem honesto”

O académico e ensaísta Noam Chomsky discursou durante um evento esta semana na Brooklyn Public Library e disse que Bernie Sanders, candidato democrata à Casa Branca, “é considerado extremista e radical, o que é uma caracterização interessante, porque ele é um democrata do New Deal”.

O autor e linguista chegou a acrescentar que as posições de Sanders “não surpreenderiam o Presidente Eisenhower”, que declarou que todos os que não aceitassem o New Deal, não pertenciam ao sistema político norte-americano.

Chomsky lembrou que o senador do Vermont “mobilizou um grande número de jovens, que dizem ‘não vamos consentir isto nunca mais’”, e que é “um homem honesto e decente”, algo “muito invulgar no sistema político”.

Lembrou ainda que as suas opiniões sobre os impostos e o sistema de saúde “têm sido fortemente apoiadas pelo público em geral, desde há algum tempo”. O facto de Sanders ser considerado “um extremista e um radical” quando defende medidas apoiadas pelo grande público, é para Chomsky um indicador de que “o espectro mudou para a direita durante o período neo-liberal, tanto à direita que os democratas dos nossos dias são o que se costumava designar de republicanos moderados. E os republicanos estão fora do espectro. Não são mais um partido legítimo parlamentar”, acusou o ensaísta e professor universitário.

Fontes: El Mundo, The Guardian, Democracy Now

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