Donald Trump “é um racista, um bandido, um trapaceiro”, disse Michael Cohen, o ex-advogado pessoal do presidente norte-americano, ao dar início ao seu testemunho na Comissão.
Donald Trump “é um racista, um bandido, um trapaceiro”, disse Michael Cohen, o ex-advogado pessoal do presidente norte-americano, Donald Trump, ao dar início a seu testemunho explosivo nesta quarta-feira (27) diante do Congresso dos Estados Unidos. As acusações foram feitas ao comitê de inquérito da Câmara dos Representantes, em Washington D.C..
A longa declaração do advogado traça um retrato devastador do 45º Presidente dos Estados Unidos, para quem Michael Cohen, de 52 anos, começou a trabalhar em 2007. Com a voz trêmula, Cohen falou aos parlamentares norte-americanos de sua família, se desculpando por ter agido mal, a serviço de Donald Trump.
Em tom austero, Michael Cohen afirmou que Donald Trump sabia com antecedência das revelações do WikiLeaks sobre a rival democrata Hillary Clinton, durante a campanha presidencial norte-americana.
Me perguntaram se eu sabia de alguma evidência direta de que Trump, ou sua equipe de campanha, havia tramado com a Rússia nesta época. Quero ser claro, não tenho provas, mas tenho suspeitas”.
Ele também explicou como foi instruído por seu ex-chefe a mentir sobre um projeto imobiliário na Rússia, no meio da campanha presidencial de 2016 nos Estados Unidos. Sinal das tensões políticas em torno de todo o caso, a abertura dos debates, transmitido ao vivo, foi marcada por uma grande discussão entre os republicanos, aliados de Donald Trump, e o presidente democrata da comissão, Elijah Cummings.
Mentiras
Michael Cohen deve falar durante várias horas às dezenas de membros da comissão de inquérito sobre detalhes de assuntos particulares do presidente norte-americano, e de seus laços com a Rússia, fatos que poderiam ter influenciado a vitória de Trump na eleição presidencial.
Desde terça-feira (26), a Casa Branca e o próprio Donald Trump, que está no Vietnã para sua segunda cúpula com o líder norte-coreano Kim Jong-un, atacam a credibilidade do ex-advogado, sentenciado em dezembro a três anos de prisão por evasão fiscal, perjúrio e violação do código eleitoral. Proibido de atuar como advogado, ele será preso no dia 6 de maio.
“Michael Cohen foi um dos muitos advogados que me representaram, infelizmente”, tuitou Donald Trump na quarta-feira. “Ele está mentindo para reduzir sua sentença”, disse o presidente norte-americano.
Impeachment?
Jackie Speier, um parlamentar democrata que participa da comissão de investigação no Congresso, chegou a mencionar a palavra “impeachment” em uma entrevista na rádio pública NPR, dizendo que se o depoimento de Cohen fosse “tão explosivo quanto parece”, isso poderia fornecer a base para o “início do processo de impeachment” do presidente norte-americano.
Na terça-feira, Michael Cohen deu início aos três dias de audiências perante o Comitê de Inteligência do Senado. Ele forneceu explicações sobre suas mentiras iniciais durante uma primeira audiência em 2017, incluindo contatos com funcionários russos sobre o projeto imobiliário em Moscou de Trump, em 2016.
Nesta quarta-feira, durante o comitê de inquérito da Câmara, algumas personalidades do Partido Democrata, como Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib, devem interrogá-lo sobre as finanças da Organização Trump, as contas duvidosas da Fundação Trump e o projeto de construção em Moscou. Sem mencionar os US$ 280 mil que ele pagou durante a campanha para duas mulheres, a ex-atriz pornô, Stormy Daniels, e a playmate Karen McDougal, para comprar seu silêncio sobre supostas ligações com o magnata norte-americano.
Racista
Sobre o tema do racismo, Michael Cohen disse que Donald Trump “é muito pior” do que ele parece. “Uma vez, ele me perguntou se eu poderia nomear um país administrado por uma pessoa negra que não seja um ‘país de merda’. Na época, Barack Obama era presidente dos Estados Unidos”. Cohen acrescentou que “Trump me disse que os negros nunca votariam nele porque eram burros demais”.
Nesta quinta-feira (28), Michael Cohen irá testemunhar diante do Comitê de Inteligência da Câmara.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Brasil247 / Tornado