O jogo de caos destrutivo na região da antiga Mesopotâmia é a única política adotada desde sempre pelos Estados Unidos. Dividir para reinar. Atirar todos contra todos.
Imaginam que essa estratégia é muito original. Assim vão, de forma imprudente e impiedosa, tornando impossível a segurança quer na Síria, quer no Iraque. Ou do Afeganistão ali tão perto, do lado direito do desobediente Irão.
Para agravar a tensão crescente, o sofrimento, a perda de vidas, de infraestruturas, a perda de uma ou mais gerações de crianças e adolescentes nascidos durante os conflitos, há ainda o quebra cabeças árabe-israelita, que se agrava de dia para dia.
Assim, numa mensagem que marcou o Dia Internacional da Solidariedade com o Povo Palestiniano, o Secretário geral das NU, António Guterres disse que as atividades de estabelecimento de colonatos israelitas nos territórios palestinianos ocupados não têm legitimidade e são uma violação flagrante do direito internacional. “Resolver o conflito israelo/palestiniano continua a ser um dos desafios mais difíceis que a comunidade internacional enfrenta. Lamentavelmente, no ano passado, não houve desenvolvimentos positivos e a situação no terreno continua a deteriorar-se”.
A criação de um estado palestiniano independente, a solução de dois estados, a restauração dos direitos do povo palestiniano, quer dentro da Faixa de Gaza, quer na Cisjordânia, quer dos de milhões de palestinianos na diáspora e o seu direito de retorno.
Para a administração americana não há povos oprimidos, nem injustiçados, nem outra “democracia” que não seja a sua. Para a Casa Branca até a Arábia saudita é uma democracia, desde que pague a fatura do fornecimento de armas. Não há justiça, nem respeito nem meias tretas. Há negócios. E a diplomacia é uma forma de empreendedorismo através da qual se resolvem conflitos comerciais.
Nos fins de Junho de 2019 uma reunião no Bahrein, com cínico título de “Paz para a Prosperidade”, liderada pelos EUA, e sobre a Palestina: Washington esforçou-se por angariar investimentos de 50 biliões de dólares que seriam o lado económico do “acordo do século” do presidente Donald Trump.
Que Trump quer ficar numa história construída por ele mesmo, é uma evidência. Esta, por ex, era a sua empreendedora proposta para solucionar o conflito entre israelitas e palestinianos.
Os palestinianos boicotaram a reunião levando os críticos a questionar a credibilidade do evento.
Na altura, o assessor da Casa Branca Jared Kushner disse que a porta estava aberta para os palestinianos se comprometerem num plano de paz de base económica , e acusou a liderança da Palestina de dececionar seu povo.
Risos e aplausos!
Na Síria, Washington mantém o velho conceito colonialista e fingindo combater o suposto terrorismo e manter a segurança dos seus aliados como por ex a milícia Qasad que cometeu os piores crimes contra civis que fugiam de Baguoz após serem destruídos pela Coligação americana sob o pretexto de bombardear os extremistas (Da’ish).
Ninguém entende estes meandros da política empreendedora americana? ´E esse mesmo o objetivo de quem a dirige!
Washington faz os possíveis e os impossíveis para acalmar os israelitas legitimando os seus colonatos e branqueando a ocupação dos territórios árabes.
Os EUA executam toda essa agressão sem que lhe interesse se os povos das regiões, onde operam pela força, terão vontade própria.
O tal “acordo do século” de Junho de 2019 mostrou que Washington é uma ferramenta nas mãos do lobby sionista, tentando impor uma “solução económica/política” conveniente para os sionistas. Trump e o agora acusado de corrupção ex Primeiro Ministro Netanyahu, ou quem se lhe siga, farão esquecer a ocupação de Jerusalém, ignorando as leis e acordos internacionais, e a persistência da construção de colonatos por cima do desmantelamento de casas de palestinianos.
Fazer desaparecer a Palestina do mapa, fazer perder a memória dos palestinianos por 71 anos de ocupação, valem um investimento de 50 biliões de dólares.
A política externa americana tem sido um descalabro, questões internacionais que Washington queria colocar na agenda de dominação que deseja impor ao mundo, vão falhando, e quando falham são imediatamente retirados dos grandes títulos dos jornais e televisões e substituídos rapidamente por outros.
Trump quer agradar ao eleitorado americano preparando o próximo carnaval de eleições presidenciais.
Trump continua a tocar a lira do seu fabuloso mandato presidencial, sem se aperceber ou querer admitir, que há uma resistência dos povos subjugados, desmunidos, frágeis, mas que são uma maioria que luta contra ele e não perde a esperança de o ver cair do palco.
A ele, ou a quem lhe suceda.
Ilustração: O Raposo Trump recebe o ramo da paz, de Beatriz Lamas Oliveira
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90