Nova polémica com Donald Trump desagrada aos britânicos e o empresário responde adoptando a postura de ofendido. Erro na contagem de votos no Colorado prejudicou Bernie Sanders, que só soube do caso através da imprensa.
Primeiro-ministro britânico e mayor de Londres descontentes com Trump
Donald Trump foi criticado pelo primeiro-ministro britânico David Cameron. O líder do governo inglês classificou de “estúpida” a proposta do candidato à Casa Branca para banir todos os muçulmanos dos EUA. Trump criticou ainda Sadiq Khan, eleito o primeiro muçulmano mayor de Londres: “devia fazer um teste de QI ” depois de Khan o ter apelidado de “ignorante”. “Vamos a ver como se comporta, vamos ver se vai ser um bom mayor”, atacou o empresário, que classificou as palavras do novo autarca londrino como “rudes”.
O porta-voz de Khan explicou as críticas ao candidato republicano: “Sadiq levou a vida inteira a combater o extremismo, mas as declarações de Trump fazem com que a luta fique ainda mais difícil para todos nós – dá vantagens aos extremistas e fazem com que os nossos países fiquem menos seguros”, acusou. Quanto ao “teste de QI”, o porta-voz disse que “ignorância não é a mesma coisa que falta de inteligência”.
David Cameron também estará desagradado com o facto de Trump apoiar a campanha que defende a saída do Reino Unido da União Europeia. Classificando a União de “muito burocrática”, o candidato republicano perguntou-se para que é que o Reino Unido precisava dela. Frisou que os ingleses sempre foram grandes aliados dos EUA e que com ele na presidência, “serão sempre tratados de forma fantástica”.
Erro na contagem de votos prejudicou Sanders
Bernie Sanders pode ter sido prejudicado nas primárias do Colorado. Um dos jornais da cidade capital daquele estado, avança que o Partido Democrata reconheceu erros na contagem do caucus na região, mas apenas à campanha da rival de Sanders, Hillary Clinton.
O senador do Vermont conquistou um delegado mais do que a primeira contagem feita pelo comité democrata daquele estado nas primárias de 1 de Março indicava. O jornal da cidade de Denver afirma ter sido a fonte pela qual a campanha de Sanders ficou a saber de tal erro de contagem, já depois de Clinton ter sido informada.
As contas agora reveladas indicam que Sanders elegeu 39 delegados no estado do Colorado contra os 27 de Clinton, o que contrariam as primeiras informações avançadas por vários media, incluindo a Associated Press, que davam conta que Clinton ganharia a maioria dos 78 delegados do estado do Colorado por causa do apoio que a ex-primeira-dama obteve de líderes com o estatuto de “super-delegados”.
Caso o senador do Vermont conquiste um “super-delegado” deste estado, poderia ganhar no pleno. O representante do Partido Democrata, Rick Palacio, negou acusações de fraude e insistiu que todos os votos da Super-Terça-Feira contaram; atribuiu esta falha ao “erro” de um voluntário que contava os boletins de voto numa escola em Denver. Palacio reconheceu “o embaraço” que tal erro provocou. Não houve comentários sobre o assunto por parte da campanha de Hillary Clinton.
Estas informações foram divulgadas na segunda-feira, depois de Donald Trump ter feito críticas severas ao sector regional do Partido Republicano. O empresário que quer ser presidente dos EUA chegou a dizer que o sistema adoptado para eleição de delegados era “falseado”.
Primárias no Kentucky e Oregon: Trump vence, Sanders continua a desafiar Clinton
Na passada terça-feira, as primárias no estado de Oregon deram a vitória a Bernie Sanders e a Donald Trump, enquanto no Kentucky (onde decorreram primárias apenas para o Partido Democrata) Hillary Clinton reclamou vitória. O senador do Vermont conquistou 55% dos votos contra os 47% da antiga primeira-dama no estado de Oregon, mas no Kentucky, foi Clinton quem venceu, apesar de ser por uma estreita margem: 46,8% contra 46,3% de Sanders. No Oregon, o polémico empresário republicano ganhou por 67% dos votos, contra 16,7% de Ted Cruz e 16,4% de John Kasich.
Hillary Clinton, que luta contra dois adversários (o senador democrata Sanders e Trump, o candidato republicano“de facto”), criticou o senador do Vermont ao fazer campanha pelo estado do Kentucky, mas não esqueceu o empresário a quem chamou de “loose cannon” (expressão equivalente a “bomba-relógio”) por causa das suas propostas em política externa. A antiga senadora do estado de Nova York pode tornar-se candidata pelo Partido Democrata em Junho, caso vença nas primárias que decorrem em seis estados.
Por sua vez, Sanders discursou num comício no estado da Califórnia e voltou a mencionar os apelos para que desista da corrida: “deixem-me ser claro, estamos aqui até que o último voto seja contado”, frisou. Revelou que vai tentar convencer os super-delegados a ficarem do seu lado e disse que era o candidato “mais forte para derrotar Donald Trump”.
Plano de ajuda a Porto Rico divide Clinton e Sanders
Hillary Clinton e Bernie Sanders voltam a demonstrar discordar um do outro, e o motivo prende-se com Porto Rico: este território, que terá eleições primárias a 5 de Junho, enfrenta há quase uma década uma recessão económica, e tem já uma dívida de 70 mil milhões de dólares. Esta semana, a Casa Branca anunciou um plano de ajuda àquela região, o qual se espera seja aprovado pelo Senado. Clinton disse ter “sérias preocupações” com parte do plano de ajuda a Porto Rico, porém, declarou estar de acordo com a generalidade do mesmo: “De outra forma, sem quaisquer meios para enfrentar esta crise, demasiados porto-riquenhos continuarão a sofrer”.
Em oposição à antiga primeira-dama, o senador do Vermont e também candidato à Casa Branca declarou-se “orgulhoso por estar em forte oposição a esta proposta de lei”. Para Sanders, o plano vai beneficiar os poderes de Wall Street, “enquanto os trabalhadores, cidadãos seniores e crianças serão punidos”, acusou.
A estação televisiva norte-americana revela que “a crise é tão grande que os porto-riquenhos voam para fora da ilha diariamente”, para a Flórida, Texas e outros locais, num movimento migratório inédito desde a década de 1950.
A proposta de lei, conhecida como PROMESA (“promessa”, em espanhol), sugere a criação de um painel de especialistas para controlar as finanças da ilha e elaborar um plano de pagamento da dívida. O governador daquele território disse que tal proposta (do painel de especialistas) era como voltar a ser governado por regras coloniais, o que “não é consistente com os princípios democráticos americanos básicos”.
Hillary Clinton prometeu que, caso seja eleita presidente dos EUA, vai assegurar-se de que o painel de responsáveis agirá em defesa dos interesses de Porto Rico. Bernie Sanders, por sua vez, disse em campanha na ilha que “nunca devemos dar a um painel não-eleito o poder para equilibrar o orçamento de Porto Rico às custas das crianças, cidadãos mais velhos, os doentes e os mais vulneráveis, enquanto o povo não tem nada a dizer no processo”. O senador do Vermont atribui aos grupos de Wall Street a responsabilidade pela crise naquela região, chegando mesmo a defender que Porto Rico se torne um estado ou até uma nação independente.
A ex-senadora de Nova York, apesar de não ir tão longe, também fez críticas ao sistema de Wall Street: “não podemos ficar mais de braços cruzados enquanto os hedge funds procuram maximizar os lucros à custa da ilha”, insistiu.
Fontes: The Guardian, CNN, New York Times, Denver Post