O Presidente felicita o Presidente eleito e inicia a transferência dos assuntos que tem em mãos. Durante dois meses, para que tudo se faça sem sobressaltos, tendo em conta os superiores interesses da nação.
É fácil, é bonito e funciona
Este pragmatismo e eficiência organizativa diferencia os países que se desenvolvem dos países que permanecem subdesenvolvidos. O contraste com o nosso país é grande: há Ministros e Secretários de Estado que só recebem do seu antecessor um gabinete vazio. O antecessor até as pastas leva como se fossem propriedade sua. Como sempre o povo paga!
Em 2º lugar admiro-me de haver quem se admire com a vitória de Trump. As sociedades actuais têm sido governadas, à direita e à esquerda, por líderes que não resolvem os problemas das suas populações.
O engrossar do número de pobres, a aniquilação lenta e persistente da classe média, o aumento do desemprego, o número de indocumentados (ilegais, que significa fora da lei) que ocupam postos de trabalho, muitas vezes a preços muito mais baixos, reduzindo os disponíveis para os trabalhadores locais, a globalização que leva à deslocalização de fábricas e ao consequente nivelar do nível de vida do Ocidente desenvolvido pelo do Oriente em vias de desenvolvimento. A questão da segurança cidadã.
A perca da noção das funções do Estado e das responsabilidades deste (segurança, saúde, ensino, transportes, etc). Tudo tem que ser auto-sustentado pelo preço do serviço prestado. Tudo se resume a lucro, conceito que substituiu os princípios. Estes passaram a estar ao serviço daquele.
Tudo isto e muito mais em nome de falsos princípios, do enriquecimento ultrajante das elites (cada vez menos numerosas e mais ricas), do apropriar da decisão nas costas e sem intervenção do povo. Democracia?
A extrema direita, de Trump, de Le Pen e doutros, que nada tem de estupidez, discursa endereçando estas questões e enunciando respostas. O cidadão cansado da falta de resposta das actuais governações, sabe que nunca vão responder e, logicamente, opta por dar oportunidade a estas formações. Que muito provavelmente pouco vão resolver e vão implementar mecanismos que lhes permitam a perpetuação no poder.
Trata-se dum futuro anunciado que nem a direita nem a esquerda, reféns do politicamente correcto e de discutíveis princípios, souberam antecipar e evitar.
Que se segue?
É grande a probabilidade de termos Le Pen na Presidência em 2017, a Holanda, a Suécia, a Áustria e os países do leste europeu a radicalizarem-se à direita. O Império Romano caiu quando hordas de bárbaros o invadiram em busca de melhores condições de vida. A analogia com a actual invasão da Europa pelos refugiados é grande.
Recorde-se que Hitler começou por resolver a situação dos alemães: inflação, emprego e dignidade. Depois apropriou-se do poder e dos mecanismos que lhe permitiram não ser apeado. Criou inimigos: os aliados que impuseram o infeliz Tratado de Versalles e, a nível interno, os judeus. Mesmo quando militarmente derrotado o povo esteve ao seu lado.
Os americanos criaram inimigos: os muçulmanos Árabes e, a nível interno, Trump criou os imigrantes ilegais a quem o politicamente correcto resiste a que se aplique a lei.
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