Tem hora para tudo e para todas as coisas na vida.
Acontece que quando somos crianças, e temos já consciência de nós, queremos crescer rápido e ser jovens adultos. Quando somos jovens adultos, queremos ser adultos, quando somos adultos, não desfrutamos da vida e das coisas belas que estão ao nosso alcance e bem à nossa frente, preocupados que estamos em ter muito – sobretudo de material – que nem paramos para apreciar a beleza de uma paisagem, de uma roseira, de uma árvore que sempre esteve ali e nós não só não olhámos, como nunca parámos para ver. E um céu azul ou cheio de nuvens, um mar sereno ou revolto, um banco num jardim onde sentar e apreciar as flores e as crianças brincando, alegres, afinal tem muito mais valor que qualquer objeto adquirido e que tanto nos custou.
Viver cada fase da vida em plenitude, com alegria e com alma, é a verdadeira sabedoria. Há pessoas que vivem – literalmente – num passado qualquer, mais, ou menos feliz. Ou o que elas consideram mais, ou menos feliz. Num passado só delas. Pararam no tempo. E se comprazem vivendo assim, deixando a vida fugir, sem viverem o seu presente. E depois há as que vivem no futuro, vivendo de planos e de intenções, sempre projetados para um tempo e espaço qualquer, menos o atual delas. Pessoas assim não vivem, e de um modo geral, vivem se queixando e se lamentando da vida, de tudo e de todos. E quando envelhecem, em vez de viverem a fase dessa madurez, com as coisas boas que ela também tem e traz, vivem amarguradas e (en)cobertas num azedume e ressentimento generalizado, não aceitando a vida nas suas fases, e que todas elas, vidas, assim são, inexoráveis. Então, ao invés de se lastimar, usufrua da liberdade que outrora não teve, por um sem número de razões – que todos conhecemos porque todos as vivemos – e passeie à beira mar, sem tempo marcado para regressar a casa, ou pegue num bom livro, numa revista, e fora de casa ou no aconchego dela, aproveite dessa paz e dessa tranquilidade que durante tantos anos reclamou não ter. E conviva muito. Esteja com as amigas. A melhor de todas as terapias.
E se num excesso de nostalgia do passado, querendo (re)viver a juventude que já não possui, e lhe dá para se trajar ou ter comportamentos que só a um(a) jovem é permitido e fica bem, evite cair no ridículo e não dê vexame. Esse tempo já passou – e se não o viveu quando deveria tê-lo vivido, a seu tempo, não é agora. Não sinta pena ou fique triste. Pense que os jovens de hoje viverão também a seu tempo a maturidade que está vivendo hoje. Se acaso isso não acontecer, será por um muito mau motivo. É que envelhecer é mesmo um privilégio.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90