A morte do presidente Béji Caïd Essebsi, da Tunísia, aos 92 anos, ameaça desestabilizar ainda mais a África islâmica e mediterrânica. O velho berbére, primeiro presidente democraticamente eleito no país que iniciou o movimento das mal chamadas “primaveras árabes”, foi até agora o dique que susteve a vaga árabo-islamista.
Homem de confiança do presidente Bourguiba (o líder da independência da Tunísia), Béji Caïd Essebsi ocupou as pastas estratégicas dos ministérios do Interior, Defesa e Negócios Estrangeiros e foi ainda presidente do Parlamento.
Afastou-se, porém, em 1991, recusando a sua colaboração ao sucessor de Bourguiba, o presidente Ben Ali. Vinte anos depois, aquando da insurreição popular de 2011, regressou para organizar o ‘containment’ do assalto islamista ao Estado.
Primeiro-ministro durante o ano de 2011, cria em seguida um novo partido, o Nidaa Tounes, para se bater com o bem organizado, estruturado e financiado partido islamista Ennahdha.
Em Dezembro de 2014, Béji Caïd Essebsi é eleito, na segunda volta, com 56%, presidente da Tunísia. A 25 de Julho, na sequência de uma “indisposição súbita”, Essebsi terminou a sua missão de Estado, no hospital militar de Tunis.
Com 12 milhões de habitantes, em 163.000 Km2, entre o mar Mediterrâneo e o deserto do Sahara, a Tunísia está “entalada” entre uma Líbia em decomposição acelerada e uma Argélia a que só o peso da hierarquia militar impede de soçobrar no caos. O desaparecimento do presidente Essebsi acontece no pior momento, tanto para a Tunísia como para a região e mesmo para os vizinhos europeus, como Portugal…
Mapa: Tunísia e seu contexto
Exclusivo Tornado / IntelNomics
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