Recentemente assistimos a um boicote, espontâneo, levado a cabo pelos taxistas no aeroporto de Lisboa. Motivo? UBER.
Trata-se dum dossiê muito badalado, muito noticiado e muito mal explicado. Concorrência desleal, vazio legal, providência cautelar em relação à empresa errada, etc
Tentei falar com a UBER e deparei-me com um muro. Não consegui. Nem sequer consegui obter um número de telefone. Escrevi para o endereço de mail, disse que ia escrever nas redes sociais sobre o assunto e coloquei perguntas. Recebi respostas padronizadas (tipo call centers que são uma praga) que não correspondiam às questões colocadas.
Opacidade!
A UBER é uma empresa que põe em contacto um prestador de serviço de transporte (proprietário da viatura) com um cliente (cidadão) que pretende comprar esse serviço. Não é uma empresa de táxis.
Para além de facilitar esta ligação motorista-cliente, calcular o preço da corrida, debitar a conta do cliente e creditar a conta da empresa proprietária da viatura (que factura ao cliente) retendo uma comissão como paga dos seus serviços. Questões que se colocam? Existe seguro que proteja o cidadão utilizador em caso de acidente?
As empresas de táxis são obrigadas a terem alvará (é caro, sendo que a sua liberalização é uma reivindicação antiga dos taxistas) contrariamente às empresas que operam via UBER. Cria-se uma situação de desigualdade concorrencial.
A providência cautelar interposta accionou uma empresa diferente da que opera em Portugal.
Porque é que os autores ainda não corrigiram a situação?
Qualidade do serviço “UBER”?
Todos temos consciência da má qualidade média dos nossos taxistas. Mal educados, viaturas sujas, comportamentos inadequados, desrespeito das regras de trânsito, etc.
Existem excepções que infelizmente só confirmam a regra.
As empresas que utilizam a UBER são seleccionadas através dum conjunto de parâmetros que incluem a parte comportamental.
Resulta motoristas educados, condução cumpridora das regras de trânsito, viaturas limpas, etc (são generalizações duma amostra ainda insuficiente).
Instrumento importante para se conseguirem estes resultados é a classificação obrigatória que cada cliente tem que dar antes de voltar a usar os serviços da UBER. Se a classificação é inferior a 3 (escala de 1 a 5) o cliente recebe um conjunto de perguntas destinadas a permitir que a UBER perceba o que correu mal e saber qual a actuação que tem de realizar.
Regista-se um primeiro efeito positivo. Esta concorrência provocou um esforço de melhoria por parte dos taxistas.
Custos da situação actual
Esta agitação seria desnecessária caso as autoridades, confrontadas com a questão, tivessem de imediato preenchido o vazio legal. Esta demissão ou incompetência já originou custos financeiros e sociais por força das paralisações, manifestações e agressões. Quem paga? No fim da linha o mesmo de sempre, o Cidadão.