O seu fôlego escasseava e ele sabia que sua vida estava no fim, o relógio corria impiedosamente apressado e em minuto nenhum sentiu alguma empatia por aquele que lealmente lhe dava corda quando ele estivesse atrasado.
Decidiu viver intensamente os segundos que lhe restavam, ou melhor ainda viver para os outros. Zelo era seu segundo nome, porque primeiro era super, um super homem desprovido de materialismo, verdadeiro e puro de coração, ajudar era a sua única razão.
Mergulhava nas profundezas da carência para resgatar sorrisos, era a resposta de muitas orações, um anjo na terra, enviado em forma de bonança que vem depois da tempestade.
Queria a taça de champanhe cheia, para brindar a hora da partida, uma festa borbulhante invadiu a sua alma, suspirou aliviado com a sensação de dever cumprido. Confrontado com porque não pensava ele em si e apenas nos outros mesmo estando doente … Respondeu:
– O Navio não foi feito para ficar no porto.
E como um bravo marinheiro, enfrentou tempestuosas marés, e ainda a fez sorrir, marcando com letras de fogo as alianças que selavam o compromisso daquela relação que era sinónima de bem querer… Um amor puro e paciente desprovido de porquês… Apenas um amor apenas isso… definido na entrega, compreensão e aceitação.
Era meu amigo, às vezes não parecia mas era, e sei que ele sabia que eu também era sua amiga.
E na hora da partida, apenas aceitou e foi, deixando para trás um legado eterno de bondade e disciplina que o caracterizavam como um homem de fortes convicções.
em memoria de Dr Rosalino Neto, meu tio amigo
A autora escreve em PT Angola