Além do desemprego, o trabalhadores brasileiros enfrentam um forte arrocho salarial.
Desde abril sem crescimento salarial. Essa é a realidade do trabalhador brasileiro. A soma (“massa”) de todos os rendimentos do trabalho cresce no ritmo mais lento desde agosto de 2017, ao passo de 2,2% ao ano. No mínimo, o zero à esquerda dos salários deveria preocupar quem quer a ressuscitação do PIB, em tese desejo geral. Nem isso. O diagnóstico é do colunista do jornal Folha de S. Paulo, Vinicius Torres Freire.
Segundo ele, desde abril o rendimento médio do trabalho não aumenta ou até cai, se comparado com valores do mesmo mês do ano passado. Não era ruim assim desde 2016, ainda na recessão.
Não causa escândalo. No país da Grande Depressão, o conflito mais expressivo ou evidente é tenebrosamente político. Por exemplo, há grande disputa pelo controle de instituições do sistema de Justiça, do Supremo ao moribundo Coaf, passando por Ministério Público e Polícia Federal”.
E complementa que “lavajatistas, bolsonaristas e a uberdireita (que quer fechar ou tomar STF e Procuradoria), grupos no Congresso e os diversos partidos da Justiça, todos batem-se pelo poder arbitrário de mandar gente para a cadeia, de fugir da polícia ou de decretar o esbulho de direitos civis, quem sabe políticos”. “Os direitos sociais já vão para o vinagre por inércia”, indigna-se.
Crítica rasa
De acordo com Vinicius Torres Freire, lamenta-se de modo vazio o desemprego, que não terá melhora notável até 2022, se der tudo certo. “Há quem se anime com o aumento do número de pessoas trabalhando, mais 2,2 milhões de um ano para cá. Mais de 80% desses novos empregos são da categoria ‘empregado sem carteira assinada’ e por ‘conta própria’, afirma.
Ele critica a reação à essa calamidade constatando que “a penúltima manifestação trabalhista de nota ocorreu em abril de 2017, contra a reforma da Previdência” e resvala para afirmações sem consistência ao falar que a “reforma” trabalhista passou quase sem um pio. Assim foi o fim da contribuição sindical obrigatória, segundo o “último e maior interesse da burocracia sindical carcomida”. Pode-se criticar certos aspectos da estrutura sindical estabelecida na CLT e na Constituição, mas a essência do problema não está aí. É uma crítica rasa.
O essêncial são os dados do emprego e da renda. Ainda segundo Vinicius Torres Freire, “a nova massa de trabalhadores, que vive de bico, não tem sindicato ou quase representação de outra espécie”. Ele faz também críticas ao comportamento do ministro da Educação e alerta que “há risco alto de que, em 2020, universidades federais tenham de fechar, que falte subsídio para remédio popular e dinheiro para livro didático, isso em um país de governos que gastam quase 40% do PIB por ano”.
Texto original em português do Brasil
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