Quinzenal
Director

Independente
João de Sousa

Sábado, Dezembro 21, 2024

Um homem de sabão, desfeito de gente

Filipa Vera Jardim
Filipa Vera Jardim
Mantém o blogue literário “Chez George Sand” onde escreve regularmente.

Poema de Filipa Vera Jardim

Um homem de sabão, desfeito de gente

Experimentou… apesar de todos lhe dizer que era feito de sabão, sair à rua num dia de chuva. Não derreteu mais do que o necessário para escorregar o silêncio no alcatrão. Foi só isso que aconteceu: escorregou o silêncio no alcatrão.
Mas ao contrário do que se podia prever, não se desfez.

Mal chegou a casa, despiu a gabardina, descalçou os sapatos e sem saber muito bem porquê, começou então a chorar.
As lágrimas correram céleres e foram deixando um rasto de bolas de sabão que pouco a pouco lhe foi desfazendo as ideias…
Uma a uma, rolaram perdidas, pelo chão.

A ideia de (vida) a ser assim.
A ideia parecida, com não poder.
A ideia de achar que era capaz…
A ideia sincera a acontecer.

A ideia esquecida,
De um tempo passado,
A ideia feita,
Destemperada,
A Ideia de quase tudo,
Num destempero.
Tão perto da Ideia
De quase nada.

Chegou ao fim, da única forma possível: desfeito de gente.


Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

 

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -