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Quarta-feira, Julho 17, 2024

Mais um Jornalista assassinado na Ucrânia

Os governos dos Estados Unidos e da União Europeia permanecem em absoluto silêncio, com receio que tais ataques sobre a imprensa possam destruir a falsa narrativa criada sobre a Ucrânia que tão cuidadosamente construíram.

Contudo, surgiram notícias segundo as quais o muito conhecido jornalista russo Pavel Sheremet morreu em Kiev quando a viatura que conduzia explodiu minutos após ter arrancado. A viatura pertencia à sua empregadora e editora-chefe do Jornal Ukrainskaya Pravda.

A RT informa o que, aparentemente, pode ser descrito como um trabalho encomendado, ao estilo da mafia, retirado de um filme de Hollywood.

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O gabinete da Procuradoria da Ucrânia comunicou que a morte do Jornalista em Kiev é um assassinato, através de uma bomba colocada no veículo em que se encontrava o jornalista.

“Não existem dúvidas que a explosão foi causada por explosivos implantados por malfeitores. E, evidentemente, tinha um detonador por indução de frequência ou uma bomba-relógio, declarou ao canal 112 Ukraine, Anton Geraschenko, um membro do Parlamento ucraniano e assessor do Ministro do Interior.

A explosão ocorreu cerca das 07:45 da manhã, após Sheremet ter entrado na viatura e a ter posto a trabalhar e ter conduzido algumas dezenas de metros. Teve morte instantânea. A viatura que ficou totalmente queimada pertencia a Alyona Pritula, a fundadora e editora chefe do Ukrainskaya Pravda, que não se encontrava dentro da viatura no momento da explosão.

O Presidente Petro Poroshenko prestou as suas condolências, através de um post no Twitter, afirmando-se ” chocado” e “sem palavras”. Acrescentou que conhecia pessoalmente o jornalista.

Sheremet era um jornalista russo muito conhecido e era ainda um analista especializado nas relações entre a Rússia e a Ucrânia, bem como nos acontecimentos nas antigas repúblicas soviéticas. Nos últimos 5 anos, Sheremet viveu e trabalhou na Ucrânia, ao serviço da UP, United Press.

A empresa de comunicação foi fundada em 2000 por Pritula Georgu Gongadze, um jornalista ucraniano originário da Geórgia que foi assassinado a 17 de Setembro de 2000.

Recentemente, em Maio, a Ucrânia foi atingida por um grande escândalo após terem sido publicados online dados pessoais de mais de 4000 membros da imprensa, num website de “caça às bruxas”, o Mirotvorets, apoiado pelo assessor do ministro do Interior ucraniano.

Os membros da imprensa foram acusados, pelos activistas pro-Kiev, de ” colaboração com terroristas” por relatarem a partir da tormentosa zona de guerra na zona oriental da Ucrânia.

A lista incluía nomes de pessoas que trabalhavam para agências noticiosas como a AFP, AP e Reuters, emissoras de TV como a CNN, CCTV, Deutsche Welle e Al Jazeera e jornais que incluem o New York Times, a Gazeta Wyboraza, o Kyiv Post e os sites Vice News e Daily Beast e muitos outros.

Os jornalistas da RT estavam também naquela lista. Muitos desses Jornalistas disseram ter recebido ameaças após a publicação. O leak, (fuga de informação) foi largamente condenado por governos, ONG’s e jornalistas de todo o mundo.

Em Abril passado, a Ucrânia assistiu à morte do Jornalista da oposição e escritor Oles Buzina que foi assassinado, perto de sua casa em Kiev. A polícia acredita que tenha sido um crime “contratado” que ocorreu imediatamente após o vil assassinato de outro jornalista, Sergey Sukhobok.

E, em 2014, o repórter de imagem russo Andrey Stenin que esteve desaparecido, durante um mês, na zona oriental da Ucrânia, foi dado como morto quando os seus restos mortais carbonizados foram encontrados na sua viatura.

Morrer enquanto viajava num comboio automóvel de civis que escapavam da referida zona oriental. No mesmo ano, os jornalistas russos Igor Kornelyuk e Anton Volostin foram mortos perto de Lugansk, na zona oriental quando fugiam dos constantes disparos de morteiros pelos militares ucranianos.

Sem contabilizar os jornalistas assassinados pelos militares ucranianos em 2014, a partir de 29 de Janeiro de 2015, 11 (onze) políticos e jornalistas, críticos do golpe do governo ucraniano foram misteriosamente assassinados.

29 de Janeiro de 2015 – o antigo Presidente do governo local da região de Kharkov, Alexey Kolesnik, enforcou-se

24 de Fevereiro de 2015 – Stanislav Melnik, membro do partido da oposição (Partia Regionov) suicidou-se a tiro

25 de Fevereiro de 2015 – o Presidente da Câmara de Melitopol, Sergey Valter, enforcou-se poucas horas antes de ir a julgamento

26 de Fevereiro de 2015 – Alexander Melitopol e Sergey Valter, director adjunto da polícia local, foi encontrado morto na sua garagem

26 de Fevereiro de 2015 – Alexandre Peklushenko, antigo membro do Parlamento e ex- Presidente de Zaporizhi, foi encontrado ferido de morte

28 de Fevereiro de 2015 – Mikhail Chechetov, deputado e membro do partido da oposição “caiu” da janela do seu apartamento no 17º andar, em Kiev

14 de Marco de 2015 – Sergey Melnichuk, um jovem procurador de 32 anos em Odessa “caiu” do 9º andar

13 de Abril de 2015 – Sergei Sukhobok, um jornalista da região de Donetsk, foi encontrado morto em Kiev, tendo sido reportado que morrera numa luta com vizinhos

15 de Abril de 2015 – Oleg Kalashnikov, um antigo deputado e um crítico feroz do governo, foi assassinado em Kiev, tendo sido encontrado caído no seu apartamento com uma ferida de uma espingarda de canos cortados

16 de Abril de 2015 – Oles Buzina, um Jornalista de 45 anos, crítico de Poroshenko, foi morto a tiro em plena rua. O seu corpo foi encontrado no passeio, junto ao seu apartamento, perto do centro da cidade

20 de Julho de 2015 – Pavel Sheremet morre em Kiev quando a viatura que conduzia explodiu minutos depois de a ter ligado.

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Pavel Sheremet

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Takharova disse que tudo isto era, infelizmente, apenas o início de purgas políticas na Ucrânia:

“É assustador porque nenhum líder dos Estados Unidos constata que, dia após dia, estão a ser mortos políticos na Ucrânia. Vamos tentar encontrar pelo menos 20 tweets de ministros dos NE da Estónia, Lituânia, Latvia, Polónia, Suécia, Reino Unido, Canada, Estados Unidos e Austrália, representantes da OSCE (Organization for Security and Cooperation in Europe), UE e NATO que expressem preocupação pelos assassinatos de políticos ucranianos e que condenem a situação na Ucrânia”.

O antigo primeiro-ministro da Ucrânia Azarov disse aos líderes dos países ocidentais: ” Devido ao vosso apoio à Ucrânia, existem assassinatos políticos, terror contra opositores políticos e contra toda a gente. O que precisam ainda fazer estes nazis para que os senhores finalmente entendam e estejam conscientes da vossa responsabilidade pelo que está a acontecer actualmente na Ucrânia ?”

 

Fontes: CNN | The Guardian | theduran.com

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