Reféns: Famílias e empresas, toda a sociedade e toda a economia de todo o Portugal foram tomadas como reféns por 800 choferes. Intolerável, absolutamente intolerável. E dizer que isto é intolerável nada tem de esquerda e nem de direita. É, apenas, puro bom senso.
As corporações estão de volta para capturar o País e torná-lo seu cativo. E escravo das suas paixões e interesses. Uma posição que arrasa o “bem comum” e é o cúmulo do anti-patriotismo. Intolerável, absolutamente intolerável.
Como em “O Regresso das Corporações” já tinha referido, há um mês, “as sucessivas e cada vez mais crispadas e duras ofensivas lançadas por estas categorias profissionais não são já lutas sindicais mas sim guerras corporativas desencadeadas contra o “bem comum” por agentes do Estado e outros que consideram que podem tomar a sociedade civil como refém e exigir resgates de milhares de milhões para a libertarem.” Intolerável, absolutamente intolerável.
É o regresso das corporações e do seu intrínseco software salazarento e, claro, incompatível, no médio e longo prazos, com um regime de democracia. Intolerável, absolutamente intolerável.
A Oportunidade de António Costa
De um ponto de vista da estrita táctica política, esta desbragada “guerra dos combustíveis” oferece de bandeja a António Costa a oportunidade de mostrar que a sua esquerda tem pulso para governar, sabe proteger os cidadãos, famílias e empresas e dá garantias de não deixar o País mergulhar numa pavorosa bagunça.
Quem conheça a história do nosso século XX e da nossa I República sabe bem que foram as “pavorosas” (como etão se dizia) que levaram ao divórcio entre o povo e “elite” do Partido Republicano (Democrático) e levaram a hierarquia militar do general Carmona (ex-ministro da Guerra) e os ainda sobreviventes “heróis da Rotunda” a procurarem colocar um ponto final na bagunça. O que veio uns anos depois só acabou em 1974 quando outra hierarquia militar considerou que já era tempo de colocar um ponto final na “pavorosa” (e incompetente…) ditadura salazarenta.
Pois é, continuem a brincar às “guerras de corporações” e, depois, queixem-se do “populismo”!