A Copa América tornou-se um evento “banalizado” por inúmeras edições realizadas ano após ano. Para isso, a instituição de futebol continental da América do Sul, CONMEBOL, não apresentou muitos critérios para proteger a sua maior competição do comportamento predatório que o mercado pode apresentar.
Isto posto, não é sempre que o Brasil possui a oportunidade de receber em seu território um evento de tamanha dimensão. De fato, a Copa América pode até mesmo ser vista como uma conclusão à sequência de “megaeventos” que tomaram de rompante a nação sul-americana, desde a Copa das Confederações de 2013, e passando por entre a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Os eventos aqui listados não foram necessariamente uma primazia na questão de acessibilidade para as camadas mais pobres da população brasileira. Já na Copa do Mundo, os bilhetes foram vendidos com preços desde entre 7 e 471 euros em conversão actual, com as entradas de valores mais baixos reservadas para pouquíssimos lugares nos estádios que custaram aproximadamente 1,97 bilião de euros, para a nação que entraria em profunda crise económica no mesmo ano do evento.
Para gestores e governantes, as cadeiras vazias encontradas em várias etapas desses eventos anteriores à Copa América serviriam de lição para que isso não mais acontecesse. A lição a ser passada, ao menos no que indica a teoria económica, é que a maximização de receitas seria a via a ser buscada no lugar da prática de manter preços altos que afastam o público geral dos palcos por qual eles pagaram a construção com seus impostos. Mas não foi esse o caso.
A Copa América era uma oportunidade de colocar o Brasil como uma testemunha de glórias que lhe foram rejeitadas em 2014. Ver os astros de futebol como Lionel Messi, o argentino que é presença nos campos e além, publicidade e até plataformas de apostas listadas na Galo Bonus. E quiçá o mais importante: começar a recuperar os laços que tem sido rompido entre a selecção brasileira e sua população que sempre a apoiou, dia após dia, no lugar daqueles que hoje lutam para exclui-los do espectáculo.
Infelizmente, tal lição aparentemente não chegou às mesas dos dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol que optaram simplesmente por continuarem práticas de outrora, que já haviam se mostrado derrotadas. No jogo de estreia dos brasileiros contra a Bolívia, que está longe de ser um dos times mais fortes do mundo em nível internacional, o ticket médio de entrada foi de 115 euros.
Tal cenário de preços altíssimos, e completamente fora da realidade do brasileiro médio, não se limitou aos jogos do time da casa. Jogos de outras selecções que participaram do torneio se encontraram vazias. O conhecido entusiasmo dos vizinhos do Brasil em acompanhar suas respectivas selecções nacionais mundo afora não foi o bastante para lotar estádios frente aos preços proibitivos praticados por quem organizou a Copa América.
Mas apesar desse cenário, o evento foi considerado um sucesso. A final entre Brasil e Peru, vencida pelo anfitrião, teve um lucro de 9,03 milhões de euros — um recorde para o país. E mesmo na culminação do evento, o Maracanã – que em seu estado actual possui capacidade para 79 mil espectadores – não atingiu a sua capacidade máxima, recebendo “apenas” 70 mil pessoas.
É desta maneira que os dirigentes actuais do futebol brasileiro, anseiam passar aos espectadores ares de renovação perante os seus antecessores, perdem a (pouca) confiança depositada nos mesmos em seus primeiros passos nesta plataforma. Enquanto perdurarem estas claras falhas de comunicação, dificilmente a selecção do maior campeão de Copas do Mundo conseguirá reencontrar aquele apoio quase absoluto que estava por trás de seu tamanho sucesso no futebol.
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