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Terça-feira, Julho 16, 2024

União Europeia aprova golpe militar na Bolívia e apoia Jeanine Añez

M. Azancot de Menezes
M. Azancot de Menezes
PhD em Educação / Universidade de Lisboa. Timor-Leste

A União Europeia declarou que apoia a auto-proclamada presidente da Bolívia. O país que detém 40% das reservas mundiais de lítio, metal muito precioso e cobiçado, tem agora as portas abertas para ser saqueado pelos países defensores do neoliberalismo.

A Alta Representante da União Europeia para a Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, declarou que a União Europeia apoia novas eleições na Bolívia. Obviamente, só não vislumbra quem não quer, esta atitude da União Europeia, representa a oficialização do golpe de estado na Bolívia sob responsabilidade das Forças Armadas e de sectores da extrema direita nacional e internacional.

Federica Mogherini

As eleições recentes que conduziram Evo Morales a um novo mandato com mais de 40% dos votos, recorde-se, não foi aceite pela oposição que representa a extrema direita boliviana.

Imediatamente a seguir ao golpe a elite militar pressionou Morales, bem como, o presidente e o primeiro vice-presidente do senado a renunciarem, e iniciaram-se prisões ilegais de líderes do MAS – Movimento para o Socialismo.

O objectivo destas prisões e torturas contra a cúpula do MAS é agora muito mais perceptível. Tratou-se de uma estratégia para desmobilizar a liderança do movimento de Morales e criar um clima de terror e medo com o intuito de afastarem e fragilizarem os potenciais vencedores do processo eleitoral fraudulento que se está a preparar com a conivência de alguns países e agências internacionais.

É preciso denunciar de forma repetida, na sequência do golpe apoiado pelas forças armadas e enquanto se torturavam e assassinavam largas dezenas de camponeses, prenderam-se de forma ilegal apoiantes de Morales e, sem qualquer tipo de quórum, de forma totalmente ilegal e ilegítima, Jeanine Añez, a segunda presidente do senado, auto-proclamou-se presidente da Bolívia, com o auxílio do Brasil de Bolsonaro e com o apoio subtil dos EUA através da Organização dos Estados Americanos (OEA), como se sabe, uma organização internacional criada nos EUA, com sede em Washington.

Portanto, mais uma vez, com uma despudorada violação do direito internacional e da carta universal dos direitos do homem, o mundo assiste ao escândalo da interferência de países terceiros, neste caso em relação à Bolívia, para se impor um governo controlado a partir do exterior.

Sucesso de Evo Morales e riqueza da Bolívia motivaram golpe de estado

A Bolívia liderada por Evo Morales, o primeiro indígena eleito para presidente da República, fortemente apoiado por camponeses e intelectuais, conseguiu que este país registasse o maior crescimento da América do Sul. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu em Outubro deste ano que se registou um aumento de 4% do Produto Interno Bruto.

Nos últimos dez anos, com Morales no poder, e em virtude de ter nacionalizado o petróleo e o gás natural, conseguiu obter vitórias nos sectores económicos e sociais impressionantes que incomodaram grandemente os países que habitualmente exploram as riquezas e defendem o neoliberalismo.

A Bolívia, conforme se pode analisar no documentário de Hakim Abdelkhalek, é um país onde se encontram as primeiras reservas mundiais de lítio, um metal de alto valor, indispensável para as baterias dos futuros carros eléctricos, para computadores, telemóveis de última geração, etc., para além de possuírem potássio e magnésio que estavam a ser exportados para países como a China, Rússia e Suécia.

Portanto, a defesa de novas eleições para “apaziguar” a população foi o pretexto da União Europeia para encobrir o golpe de estado realizado na Bolívia e permitir-se que as eleições controladas possam dar uma vitória aos representantes dos países que se preparam para explorar as riquezas e os recursos económicos da Bolívia.


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