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Domingo, Novembro 3, 2024

Vai irmão, recebe apenas o que é teu!

Publicamos de António Burity da Silva Neto, Ex-Ministro de Angola, um poema inédito que recorre a imagens literárias dos seu irmão, Vítor Burity da Silva, nosso colunista residente, a quem também o dedica.

Vai irmão, recebe apenas o que é teu!

Estou cansado de caminhar na mesma cama onde dormimos vezes sem trama,

para sonhar o tempo do paraíso que éramos e da dor que causa o prazer de viver mergulhado no estranho e no esperma espalhado nos lençóis rosa dos ais…!

Quem foi o prazer ou o lençol não importa! Eu sou o esperma transparente do grito que rasgou a madrugada da noite, da manhã que me fez nascer nos teus braços! do soluço que pede água para não sufocar na almofada macia das tuas mãos …. no espaço das entranhas de tuas pernas contornadas, como as areias do deserto na corcunda dos camelos!

Vês como é linda a natureza?

A voz rouca que corta o silêncio das noites e os olhares fechados pelos prazeres vividos…. em noites de luar à beira mar!

Como é linda a natureza das correntes pensadoras do aire breu!

Dos ventos que trazem areia para não ver o meu ou teu sorriso…

porquê o tempo não sorri, o atraso do pensamento descomposto na palavra e na dor…

Eu vou indo para ficar aí! Exposto ao sol e a falta de água… a chuva ou a mágoa contorcida na dor do pé roto da sola do sapato que não vi…

Abraça as palavras soltas dos esperançados ou dos namorados que juram promessas de fidel… ou a certeza do meu neto

no tempo dele!

Vejo no cronograma as minhas fitas coloridas do sonho de criança, em ser “Tu” ou “ele” não importa! quero beber leite fresco da teta da vaca que vos pariu no terreno de ninguém que me ocupou!

Vai irmão recebe apenas o que é teu…

o que te cobre de talento

nas coisas que fazes sem compreender o mundo na palma da tua mão negra ou vermelha, calejada ou rogada pela natureza da dor que carrega sentimentos… momentos… e choros das lágrimas que deitaste no deserto! Sim. No deserto que tudo absorve para sobrevivência dos oásis! cada vez mais perdidos e distanciados da sede de viver!

Que lindo ver daí o sol nascer…

 


por António Burity da Silva Neto


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