Na terça-feira (17), data que marcou os dois anos do golpe que derrubou a presidenta eleita Dilma Rousseff, Vanja Santos, presidenta da União Brasileira de Mulheres, falou ao PV. “Dilma foi vítima do sistema patriarcal, do sistema capitalista que se aproveitaram do fato de ela ser mulher para desacreditá-la em tudo o que ela fazia”, afirmou Vanja.A dirigente chamou a atenção para o tratamento público dado a Dilma e a políticos como Michel Temer e Aécio Neves, ambos acusados de corrupção, entre outros crimes. O senador tucano agora é réu no Supremo Tribunal Federal (STF). “É horripilante como a mídia trata um suposto crime de uma mulher e de um homem. É muito diferenciado”.
Vanja também lembrou dos dizeres “tchau querida” usado pelos parlamentares pró-impeachment. “Foi largamente difundido de forma negativa para virar linguagem coloquial. E teve aquele adesivo para carros com a presidenta de pernas abertas recebendo uma mangueira de abastecer o carro. Isso não aconteceria com nenhum homem”, completou.
O golpe que enfraqueceu o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres e a secretaria nacional de políticas para as mulheres, entre outras instituições e projetos, ameaça o direito ao aborto legal. Ganhou força no Congresso Nacional a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 181/2015, que deverá voltar a tramitar em 2018, e que determina que a vida começa na fecundação. O aborto é permitido no país em caso de estupro, risco de vida à mãe e anencefalia. “A PEC é um retrocesso em relação aos direitos das mulheres”, disse Vanja.
A dirigente, no entanto, observa que os movimentos feministas vem se fortalecendo.
Se por um lado as medidas do atual governo e aliados mostraram que o golpe foi misógino, machista e patriarcal, de outro esse reconhecimento pelos movimentos intensificou as muitas lutas, ou como eu chamo, os muitos feminismos. Foram se colocando mais para assegurar esses direitos ameaçados” avaliou Vanja.
De acordo com Vanja, o patriarcado serve ao capitalismo e ao neoliberalismo. “Quando se estabelecem querem atingir primeiro as mulheres. Mas esse recado só tem nos fortalecido. Eu acho que mais do que nunca é preciso apostar na nossa participação na política”, enfatizou Vanja.
A dirigente mencionou as pré-candidaturas de Manuela D’Ávila, do PCdoB, e Sonia Guajajara, do PSOL, na disputa às eleições para a presidência da República em outubro. Mais do que nunca tem que apostar nas candidaturas femininas por uma questão de democracia, de igualdade e é claro que essas duas candidaturas vão enfrentar o machismo e a misoginia. E o nosso papel a cada espaço que a gente participe é deixar bem clara como foi conduzida essa questão do impeachment da presidenta Dilma”.
Se somos um país com mais de 50% das mulheres queremos também ser representadas por mulheres na proporcionalidade em que nós fazemos e construímos esse Brasil. Queremos ser representadas no tamanho da nossa participação na luta por um país democrático, justo, igualitário para que haja avanços”.
Por Railídia Carvalho | Texto original em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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