O Vaticano está a “organizar” os seus arquivos sobre as acções repressivas da última ditadura militar argentina, que decorreu entre 1976 e 1983, para os desclassificar, isto é, abri-los ao público, confirmou o secretário-geral da Conferência Episcopal Argentina, Carlos Malfa.
O El Mundo revelou que o responsável eclesiástico, que fez o anúncio após uma reunião com o Papa Francisco, declarou que “ordenar os arquivos leva o seu tempo porque implicar ler e classificar os documentos”, e comentou ainda que os arquivos contêm cartas que pediam informações sobre o paradeiro de pessoas detidas ilegalmente pelos militares argentinos. A maioria dos detidos foi torturada, assassinada e os corpos desapareceram.
Esta decisão do Vaticano surge dois dias depois do anúncio dos EUA de desclassificar arquivos militares e dos serviços secretos sobre a última ditadura militar argentina, período no qual, defendem as organizações de direitos humanos, terão sido assassinadas 30 mil pessoas. Este anúncio foi feito dias antes da visita do presidente norte-americano, Barack Obama, à Argentina, depois da sua viagem histórica a Cuba.
Na próxima semana, prossegue o jornal espanhol, nas vésperas de se completarem 40 anos sobre o golpe de Estado que destituiu a então presidente Maria Estela Martínez de Perón, o Papa Francisco vai encontrar-se em Roma com familiares de pessoas raptadas, mortas e desaparecidas durante a ditadura. Uma das pessoas presentes será Cecília Romero, sobrinha do beato monsenhor Óscar Romero, assassinado em 1980 em El Salvador, quando celebrava uma missa.
O líder máximo da Igreja Católica também ratificou um decreto para a abertura dos arquivos sobre a última ditadura uruguaia.