A pintura mostra-nos um corpo feminino fora das sugestões do figurino italiano.Encantam os seus ombros estreitos elevados no recosto cavado nos flancos, alçado de novo nas ancas, como que ondulando com o ritmo das vagas do mar. As tonalidades marfim e rosa desta nudez, quase casta, revela-nos a visão velasquenha do nu feminino, bem diferente dos nus de Ticiano ou Giorgione, cujos tons quentes ardem com a chama da paixão.
Todavia, a sua forma compositiva faz com que percebamos imediatamente que estamos perante uma deriva da pintura veneziana. É a primeira pintura de um nu integral na História de Arte das Espanhas.
Nota da Edição:
Diego Velázquez (1599-1660)
Diego Velázquez é considerado o pintor mais genial daquele que é conhecido como “O Século de Ouro da Pintura Espanhola”. São vários os factores que o levam a tornar-se no pintor mais transcendente do século XVII:
- a portentosa habilidade com os pincéis, permitindo-lhe obter qualidades dificilmente superáveis em todos os géneros que trata;
- a variedade temática da sua obra, incluindo géneros pouco comuns em Espanha, como, por exemplo, a mitologia e a História;
- a influência que exerceu em pintores nacionais e estrangeiros igualmente notáveis como Goya, Manet, Turner ou Picasso;
- a protecção e o mecenato de que beneficiou por parte de Filipe IV, o que lhe permitiu conhecer as obras dos grandes mestres através das colecções do monarca e das viagens que efectuou a Itália;
- precisamente por trabalhar para a monarquia foi um dos raros pintores que se manteve perto das suas obras a maior parte da sua vida e, perfeccionista como era, teve a oportunidade de rectificar, anos depois, algo que não lhe agradava.
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