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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

XVII Encontros de Cinema de Viana do Castelo

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

Um “festival” focado na formação e nas escolas 

De 02 a 07 de Maio decorreram em Viana do Castelo os XVII Encontros de Cinema promovidos pela Associação Ao Norte.

Para além da sua prática cineclubista de exibição regular de cinema esta associação vianense tem vindo a desenvolver uma importante actividade de produção e realização de filmes (em Portugal e nos países lusófonos), de recolha de material fotográfico e cinematográfico de grande valor histórico e etnográfico, de formação de públicos e de encontro de estudantes de cinema. O festival “Filmes do Homem” que tem lugar anualmente em Melgaço, no mês de Agosto, e os “Encontros de Cinema” que se realizam em Maio, em Viana do Castelo, são duas importantes realizações da Associação Ao Norte. O chamado “cinema do real” é a menina dos olhos da actividade da Ao Norte.

A edição de 2017 dos “Encontros” esteve, como habitualmente, focada no público escolar (de vários graus de ensino), nos alunos e professores de escolas de cinema, nos cineclubistas (portugueses e galegos) e nos académicos que desenvolvem trabalho no âmbito da relação entre o cinema e a escola.

6ª Conferência Internacional de Cinema de Viana

Nesse sentido, um dos pontos fortes do programa deste ano foi a 6ª Conferência Internacional de Cinema de Viana, realizada na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo, na qual participaram algumas dezenas de professores universitários portugueses e brasileiros, organizadores e programadores de festivais de cinema, cineclubistas e responsáveis do Plano Nacional de Cinema que procura levar o cinema às escolas secundárias do nosso país. Durante dois dias foram apresentadas inúmeras comunicações e realizadas mesas-redondas e painéis. Refira-se a presença de professores das universidades brasileiras de Goiás, Fluminense, UNIRIO, Minas Gerais, Petrópolis, Paraná, Maranhão, Rio Grande do Norte e Campinas, que com os seus colegas portugueses debateram largamente os temas “Cinema e Escola” e “Cinema, Arte, Ciência e Cultura”.

Outras actividades

Um “Festival de Vídeo Escolar”, “TDC – Trabalhos de Casa” – exibição de filmes realizados em contexto de formação em 2016, nas secções “Histórias na Praça” e “Olhar o Real + YEAD”-, um concerto com The Legendary Tigerman, exposições, apresentações de livros e uma sessão de cinema no Estabelecimento Prisional de Viana do Castelo foram outros pontos marcantes do evento.

“Olhares Frontais”

Os dois últimos dias do certame foram ocupados por outro dos pratos fortes: “Olhares Frontais”, espaço privilegiado de partilha e conhecimento entre alunos das escolas de cinema, cineclubistas e profissionais do meio cinematográfico. É uma secção que vem desde a origem dos Encontros, sempre programada e coordenada por Pedro Sena Nunes, realizador, produtor,  professor, homem de cinema e outras artes.

A exibição de vários filmes convidados – “O Espectador Espantado” de Edgar Pêra, “Como me apaixonei por Eva Ras” de André Gil Mata, “Ama-San” de Cláudia Varejão, “Terceiro Andar” de Luciana Fina e “”Um Sonho Soberano” de Gonçalo Portugal Guerra, masterclasses de Carlos Alberto Henriques (“Cinema e Televisão …Porquê Digital?), Maria do Carmo Piçarra (“Cinema Império, Propaganda Colonial e censura no Estado Novo”) e da professora brasileira Alice Fátima Martins (“Outros Fazedores de Cinema”).

Prémio “PrimeirOlhar” para o documentário brasileiro “Clausura”

Mas os “Olhares Frontais” têm também uma área – “PrimeirOlhar” – em que competem filmes de alunos de escolas de cinema, portuguesas e estrangeiras.  Duas dezenas de trabalhos concorreram ao Prémio PrimeirOlhar” e “Prémio PrimeirOlhar – Cineclubes”. Curiosamente, mas não por acaso, os dois galardões foram atribuídos ao mesmo filme: “Clausura”, da autoria de Mariana França e Gildo António, estudantes do Centro de Audiovisual de São Bernardo do Campo, de São Paulo (Brasil).

“Clausura” segue o percurso de vários artistas que sofrem de doenças mentais e procura avaliar a forma como perturbações como a esquizofrenia ou a depressão podem influenciar (ou potenciar) a criação artística. A realizadora Mariana França, partiu da sua própria experiência pessoal de depressão, para a feitura deste trabalho.

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