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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Victor Erice: um ‘Prémio Donostia’ para um cineasta basco

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

Com a gala de entrega de prémios e a exibição de “Dance First”, que nos mostra pedaços da vida de Samuel Beckett pela mão do cineasta britânico James Marsh, termina esta noite a edição de 2023 do Festival de San Sebastián.

Na noite de ontem o certame viveu um dos seus momentos maiores: a entrega do ‘Prémio Donostia’ a Victor Erice (Karrantza, Biscaia. 1940) na passagem do 50º aniversário da atribuição da Concha de Ouro a “O Espírito da Colmeia”. Foi em 1973, 14 anos depois de no 7º Festival de San Sebastián (a cidade em que vivia) Erice ter ficado deslumbrado com “Os 400 Golpes” de François Truffaut e com isso ter iniciado uma ligação estreita com o cinema.

Autor de uma escassa filmografia – “O Espírito da Colmeia” (1973) , “O Sul” (1983), “O Sonho da Luz / O Sol do Marmeleiro” (1992) e algumas curtas metragens – este cineasta, realizador de uma longa-metragem de 10 em 10 anos, é muito mais reconhecido pelos cinéfilos do que pela generalidade do público. Contudo é também uma personalidade que, ao longo dos anos tem influenciado vários criadores, espanhóis e não só.

“Cerrar los Ojos”

Trinta anos depois de “O Sol do Marmeleiro” esteve este ano em Cannes e Toronto com “Cerrar Los Ojos” agora exibido em San Sebastían. Trata-se de uma obra sobre a memória, a propósito de um filme não concluído e o misterioso desaparecimento de um actor.

O ‘Prémio Donostia’ foi entregue a Victor Erice pela actriz espanhola Ana Torrent que se estreou no cinema há meio século, como protagonista de “O Espírito da Colmeia”, quando tinha apenas seis anos e que agora voltou a trabalhar com Victor Ercice em “Cerrar los Ojos”.

 

Hiroshi Teshigahara em retrospectiva

Hiroshi Teshigahara (1927-2001) por muitos considerado um autor fundamental do cinema japonês dos anos 60 é um autor quase desconhecido do público. A sua obra tem estado quase exclusivamente ao alcance dos frequentadores das cinematecas. Os espectadores do Festival de San Sebastián tiveram a oportunidade de assistir à retrospectiva completa deste realizador (20 títulos — longas, média e curtas metragens) rodadas entre 1953 e 1992.

Nascido em Tóquio, cidade em que faleceu, Teshigahara estudou Belas Artes, começou pelo cinema documental, interessou-se pelo neo-realismo italiano e pelo cinema francês. Ganhou o Prémio Especial do Júri em Cannes com “A Mulher da Areia” filme que foi nomeado pra os Oscares de melhor realizador e melhor filme estrangeiro.

 

Um pequeno ciclo de clássicos

A exibição de clássicos não se esgota na retrospectiva antes referida. Como tem acontecido desde há alguns o festival programou um pequeno ciclo títulos modernos ou antigos que de alguma forma reservaram lugar na história do cinema.

Os filmes exibidos foram:

  • Akai tenshi / (O Anjo Vermelho) de Yasuzo Masumura (Japão,1966);
  • Aloïse” de Liliane de Kermadec (França, 1975), com Isabelle Huppert e Delphine Seyrig;
  • Fúria espanyola” de Francesc Betriu (Espanha, 1975);
  • “História de um Proprietário Rural” de Yasujiro Ozu (Japão, 1947);
  • “Nueve Reinas” de Fabián Bielinsky (Argentina, 2000);
  • “Principio y fin” de Arturo Ripstein (México, 1993);
  • “Festival em las entrañas” de José Val del Omar (Espanha, 1963/1965) e
  • “El Realismo Socialista” de Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento (Chile, 1973/2023).

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