Poemas de Delmar Maia Gonçalves
I
“Vida”
(a propósito de um futuro que ainda não chegou)
Ao meu país
as aves regressaram
e com elas
a alegria, a paz, a vida
e os poetas
nos versos que cantam
são rouxinóis inquietos
de vida e esperança.
II
“Paisagem”
Aqui
já não se vislumbram
Homens.Há florestas
de cimento
onde uivam Lobos
e Cães raivosos.Há tabém
Raposas matreiras
cabriolando.E reina a lei
dos sem lei!
III
“Vida renasceu em Nicoadala”
(quando renasceu a vida em Nicoadala e morreu em Cabo Delgado)
Em Nicoadala
os Pássaros
acordaram esperanças
a morte morreu
e a vida renasceu.
IV
“Paciência”
Ominoso
cultivo a paciência de Cordeiro
ao escutar
o uivo dos Lobos
enquanto bocejo de tédio.
V
“Lágrimas”
As lágrimas secaram
no espectro da bala perfurante
e a palavra morreu
no exacto momento do parto.
VI
Corvos de mau agoiro,
acordai!
Eis aqui o porvir anunciado!
VII
O poeta é sempre bélico
quando se vislumbram
Lobos mascarados de Cordeiros
com discursos dóceis de Pombas
e falsos pergaminhos de Hienas.Guarda as flechas num mar
de nuvens neutras
veladas por um bando de Corvos.
VIII
“Luabo”
Em Luabo
plantaram-se tumbas
no lugar
de um paraíso açucarado.
IX
Tens tua vida
presa nas asas do vento
voa Pássaro livre
voa!