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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Vigilantes aeroportuários em greve

Os trabalhadores das empresas de segurança nos aeroportos, Prosegur e Securitas, iniciam este sábado uma greve de 48 horas em todos os aeroportos do País para protestar contra aquilo que designam como “o mais recente ataque aos direitos dos trabalhadores” do sector.

A paralisação dos Assistentes de Portos e Aeroportos (Apa’s) foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sitava), que acusa as empresas Vinci, Prosegur e Securitas de quererem manter os seus funcionários na precariedade e em condições de trabalho degradadas apesar do “aumento das receitas”.

“Há quem esteja a ganhar muito dinheiro com o aumento de passageiros nos aeroportos nacionais, mas não são os trabalhadores que zelam pela segurança dos passageiros, pois esses são cada vez mais precários e vivem num contexto cada vez mais difícil”, defende o Sitava, ao assumir que vai continuar a lutar “pela contratação colectiva”, “por melhores condições de trabalho” e “por uma carreira com dignidade”.

Há quem esteja a ganhar muito dinheiro com o aumento de passageiros nos aeroportos nacionais, mas não são os trabalhadores que zelam pela segurança dos passageiros, pois esses são cada vez mais precários e vivem num contexto cada vez mais difícil”

“Perseguição aos grevistas”, acusa o Sitava

A Associação de Empresas de Segurança (AES), presidida pelo advogado Rogério Alves, lamenta a greve convocada pelo Sitava para este fim-de-semana, garantindo ter sido “sensível” às várias reivindicações durante o longo processo negocial que permitiu chegar a um “acordo de princípio” com quatro sindicatos. “O acordo “possível num contexto de dificuldade”, refere em comunicado.

A associação diz que as exigências do sindicato são “manifestamente incomportáveis” para a realidade do sector que, segundo a mesma, representariam um aumento de mais de 25% do custo de prestação do serviço até 2018, o que “constituiria mesmo uma ameaça séria à sustentabilidade dos postos de trabalho no sector”.

O Sitava responde com números ao acusar as entidades empregadoras de “mistificarem” a conjuntura. Evidencia que em 2005 passaram pelos aeroportos nacionais cerca de 22 milhões de passageiros, quando um APA ganhava 777€/mês e o Salário Mínimo Nacional (SMN) era de 374,70€/mês. Onze anos depois, passaram pelos aeroportos nacionais cerca de 40 milhões de passageiros (aumento de 80%), o SMN passou para os 557€/mês (aumento de 48%) e um APA ganha 743 €/mês.

Para aquela estrutura sindical, o contexto “é de crescimento exponencial de passageiros”, o que se traduz “num aumento dos lucros da Vinci, da Prosegur e da Securitas” e das receitas com as taxas de segurança, estimadas em 100 milhões em 2016.

Esta verba não pode continuar a encher os bolsos das multinacionais, tem que servir também para melhorar as condições destes trabalhadores” Acrescenta o comunicado.

Perante este cenário, “a retirada de direitos é inaceitável” para o Sitava. Descreve ainda algumas das propostas recusadas e ronda negocial: eliminar a majoração das férias; redução do pagamento do trabalho extraordinário; ou o não pagamento correcto do trabalho em feriados. Além de acusar os empregadores de “perseguição aos trabalhadores aderentes à greve”, onde entre outros abusos denuncia a “retirada de funções de liderança” aos que optaram por protestar.

A ANA, gestora dos aeroportos de Portugal, já alertou para a possibilidade de demora nos  procedimentos de controlo de segurança durante todo o fim-de-semana, recomendando aos passageiros que façam o despacho de bagagem no check-in “para reduzir o número de peças a rastrear no controlo de bagagem de mão.”

Para Domingo, segundo dia de greve dos assistentes que asseguram o raio-x da bagagem de mão, e o controlo de passageiros e funcionários aeroportuários, estão ainda agendas concentrações nos aeroportos de Lisboa e Porto, entre as 11horas e 13:30.

 

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