Em Portugal, e se calhar também noutros países, substituímos a discussão dos argumentos pela discussão dos seus autores.
Quando se quer valorizar ou desvalorizar um argumento valoriza-se ou desvaloriza-se o seu autor.
Publicar uma entrevista começando por referir “”Olá Ditador” disse-lhe Jean-Claude Juncker”, é uma forma de condicionar a formação de opinião do leitor.
Esta entrevista avança questões e esclarecimentos importantes como por exemplo a questão dos refugiados húngaros e o seu acolhimento: não escolha do destino, fica no primeiro país de acolhimento a que chega, submete-se às regras e cultura do país acolhedor.
É isso que a UE está a fazer na situação actual?
Não, e está errado.
Reconhece à Alemanha o direito de defender o acolhimento de refugiados no seu território para resolver os seus problemas demográficos e económicos, embora considere que se trata duma política errada e de consequências negativas.
Não aceita que a Alemanha (ou os burocratas de Bruxelas) imponha ao seu país a obrigatoriedade de os receber e enuncia a política que defende: maior integração dos ciganos na economia, tributação diferente, crescimento económico e criação de emprego, políticas familiares.
A escolha da política para o seu país é uma questão de soberania nacional.
Se olharmos para o caso português verificamos exactamente o contrário. Abdicação da soberania nacional, aceitação pacífica das imposições dos burocratas da União, marginalização dos portugueses na tomada de compromissos.
Não fomos ouvidos sobre nenhuma das grandes questões europeias.
Os nossos políticos têm pavor de referendos.
Concordando ou não com as posições de Viktor Orbán há que lhe reconhecer o direito de defender as suas posições, admirar a coragem de fazer frente à Europa naquilo que considera prejudicial para o seu país e de referendar decisões mais abrangentes.
Sobre os “muros”, que são sempre condenáveis, há que realçar a duplicidade de critérios: não me recordo de acções consistentes na oposição à construção do muro israelita.
Defende-se Viktor Orbán dizendo que “o tratado define a obrigação do país em garantir que cidadãos não europeus entram na UE pelas passagens fronteiriças definidas, sob certos procedimentos e após registo”. A Hungria sem muro não poderia cumprir com as suas obrigações.
Acrescenta algo que pode ser “polémico”: “estes migrantes não estão a fugir pelas suas vidas, isso simplesmente não é verdade”.
Trata-se dum ponto que merece ser analisado de forma objectiva porque na situação actual tenta criar uma imagem distorcida. Basta olhar as fotografias e filmes que nos são servidos diariamente: crianças mortas na praia, barcos que naufragam, etc.
Tudo a puxar ao sentimento e não à análise objectiva e imparcial do fenómeno.
Publica-se o que vende!
E deixa cair esta coisa interessante: “todos os serviços de segurança e serviços secretos na América e na Europa falam numa ligação entre migrantes e terrorismo”.
Só os políticos é que recusam esta relação.
Porque será?