Outras vezes o seu significado original é completamente ignorado ou adulterado, deturpando, assim, o seu sentido. A este título, o caso mais evidente é o da celebração do 8 de Março, transformado nos últimos tempos no seu contrário, ou seja, no esquecimento daquilo que é a situação de discriminação a que muitas mulheres ainda são sujeitas.
Contudo, parece-me que o assinalar de algumas datas poderá revestir-se de alguma importância na medida em que é uma oportunidade para alertar, sensibilizar e, sobretudo, para avivar a memória. Esta, numa sociedade que vive do efémero, do banal e do espectáculo, torna-se cada vez mais importante. Ao viver apenas o momento (sem referências ao passado e ao futuro) colocamos a nossa humanidade em risco, remetendo-nos apenas para a nossa faceta animal.
E, quando isto acontece, são bem conhecidas as consequências!
O facto de se declarar o 25 de Novembro como “Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres” remete, em termos históricos, para ao assassinato, em 1960, na República Dominicana das três irmãs Mirabal, por ordem do ditador Leónidas Trujillo. Desde 1999 que, por decisão da ONU se assinala o dia. Mas, infelizmente, poderia ser qualquer outro dia, qualquer outro ano ou qualquer outro país. Poderia, por exemplo, ser a 14 de Abril, dia em que foram raptadas 219 meninas numa escola da Nigéria para serem usadas como escravas.
Segundo dados da ONU, 70% das mulheres já foram, em algum momento da sua vida, vítimas de violência e registam-se cerca de 700 milhões de casamentos infantis. Em Portugal, nos últimos 12 anos foram assassinadas 450 mulheres. A lista de números e de situações intoleráveis seria extensa. Estão por todo o lado, nas regiões mais longínquas do mundo, mas também perto de nós, nas comunidades de proximidade. É preciso não silenciar, é preciso denunciar, é preciso agir!
No dia 25 de Novembro e em todos os outros dias.