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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

Viva o insucesso!

Paulo Vieira de Castro
Paulo Vieira de Castrohttp://www.paulovieiradecastro.pt
Autor na área do bem-estar nos negócios, práticas educativas e terapêuticas. Diretor do departamento de bem-estar nas organizações do I-ACT - Institute of Applied Consciousness Technologies (USA).

Paulo Vieira de CastroPor isso deveremos treinar a nossa atenção e foco nos “pormenores”. Esta deveria ser matéria aprendida nas nossas escolas.

A importância do insucesso torna-se central no nosso desenvolvimento enquanto seres sensíveis. O problema é que a maior parte de nós lida mal com isso. Dá pouca atenção, está pouco focada no fracasso. De que é que isso serve, perguntarão… É aqui que a inteligência emocional (I.E.) se torna essencial na gestão do pânico, erradamente, associado à derrota.

Charles Darwin foi o percursor da inteligência emocional quando a considerou fundamental para a sobrevivência e adaptação das espécies. E esta tem muito pouco a ver com aspectos cognitivos, ou intelectuais, como a memória ou a capacidade de resolver problemas. Então para que servirá?

No final dos anos noventa Goleman afirmou a I.E. como a “…capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.”

E quando é que isto é ensinado nas nossas escolas? Nunca! E falar sobre o insucesso e da sua importância? Também…

Quer ver um caso prático?

The trigger

Tenho um amigo que ao ter acesso aos meus primeiros textos sobre estes assuntos e, considerando de forma sentida, que estas ideias mereceriam eco fora das revistas onde os publicava habitualmente, me perguntava, sempre que nos encontrávamos, “quando é que publicas um livro, era importante…”.

Invariavelmente, eu respondia qualquer coisa como “ainda não é o momento certo…”. Em 2011, publiquei o meu primeiro livro “Dharma Marketing”. Este amigo foi a primeira pessoa a quem fiz questão de o entregar em mãos.

Uma coisa lhes garanto, hoje, em 2016, ele nunca leu o livro! Era apenas o “gatilho”, aquele que foi colocado no meu caminho para me empurrar para tudo isto, para o meu trilho de recursos enquanto autor.

A maior parte das pessoas na minha situação teria ficado muito incomodado, magoado, com a falta de atenção deste amigo de verdade. O que ele me queria dizer estava afinal nos tais “pormenores”… É assim que sucesso e insucesso se confundem com alguma facilidade nesta história.

Imposto sobre a inteligência humana

Agora, olhe à sua volta. Pense quem será, por exemplo, o seu “grande mestre da paciência”? Pois é… Os nossos mestres são os mais inverosímeis seres. Isso é já ver a vida como ela é… Esteja, pois, grato a todos aqueles que de algum modo o obrigam a isso mesmo: a ter paciência.

Todos nós temos grandes mestre da paciência, da bondade, da autenticidade,…, apenas andamos distraídos, não lhes dando o devido valor. Se andamos desatentos não aproveitamos e experiência tal como ela é. Processo semelhante se passa com o insucesso. Ele existe – afinal – para nos ensinar tudo sobre o sucesso.

inteligencia-emocional-no-trabalho

Todos os dias encontramos no nosso caminho pessoas, situações,… livros, que são isso mesmo, uma forma de nos chamar a atenção para algo, alguém, para a importância dessas “pequenas” coisas…

A desatenção na gestão de grupos de pessoas, o erro de perspetiva, dá-se porque não temos uma visão sistémica da realidade. Nas organizações, nas famílias, nas salas de aula constituem-se entidades sistémicas. É deste modo que temos de as analisar. Daí que se compreenda que sucesso e insucesso sejam faces de uma mesma moeda.

Se pensarmos que tudo está ligado, se partirmos da ideia do “todo que é tudo”, então, compreenderemos com maior facilidade o interesse, incontornável, destas “pequenas coisas”, dos “pequenos gestos”, da força de tudo isso no passado, presente e futuro.

E, fundamentalmente da importância da atenção, do foco, do estar – totalmente – presente. Só deste modo poderemos falar em bem-estar integral para o ser humano e para as organizações.

Pela consciência e pela emoção desenvolvemos a compaixão e a gratidão. O poder do riso e do bom humor. Da paz e do amor. Mas é através de vários tipos de inteligência que temos a possibilidade de reconhecer a necessidade de mudar, de aprender e reaprender. Entristece-me, pois, pensar que no nosso país se paga uma espécie de imposto sobre a inteligência.

A inteligência, a intuição, o instinto, as emoções estão reféns da consciência natural, tornando-se em bem-estar apenas na medida da sua aplicabilidade face a um mundo melhor para todos. Para que isso seja real temos de desenvolver a consciência em acção também nas organizações.

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