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João de Sousa

Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Voluntarismos…

Este novo conceito de “voluntário” para usufruir de algo, é algo de inimaginável no universo do voluntariado comum a quem no cerne da sua humilde condição de cidadão anónimo no teatro das operações de Norte a Sul do País com uma única exigência transversal para consigo próprio: a de ser útil ao seu semelhante inserido na organização do edifício social onde as carências assim o ditam.

Surgiram. De um momento para o outro. Surgiram como cogumelos fora de estação. Apareceram no inverno, uma estação de atraso, mas despontaram. Vá-se lá saber como…, mas, aconteceu.

Como soe dizer-se: Nasceram para a colheita. E por isso se voluntariaram. São os novos voluntários de ocasião para uma ocasião, ou momento, preciso.

É uma espécie de gente que se voluntaria de forma diferente embora não tão incomum quanto se possa pensar. São os voluntários de sempre para os motivos de sempre. A janela que se abre para a oportunidade de deixar todos os outros para trás numa luta que tem tanto de injusta como de imoral e, desumana.

Aparecem sempre na primeira linha das linhas maleáveis que deixam a malha alargar. As linhas com que se costuram as virgulas singelas essenciais para contornar aquilo que é suposto ser o senso comum e que por isso faz a forma da Lei.

Temos assim um novo conceito sobre o voluntarismo de novos voluntários feitos por medida à medida de interesses distintos. Aqueles voluntários que só se voluntariam por interesses de privilégio e que somem sem que alguma vez tenham sido vistos. Ou, se o foram, foi para colherem o privilégio. Até porque o voluntariado é composto por uma casta de gente de elite que interioriza a missão de servir e que por isso é contrário ao lema dos que se servem.

Em suma; O Voluntário, serve. Não se serve.

Este novo conceito de “voluntário” para usufruir de algo, é algo de inimaginável no universo do voluntariado comum a quem no cerne da sua humilde condição de cidadão anónimo no teatro das operações de Norte a Sul do País com uma única exigência transversal para consigo próprio: a de ser útil ao seu semelhante inserido na organização do edifício social onde as carências assim o ditam.

Para o caso em apreço em que a nossa sociedade é confrontada com a terrível ameaça de um coronavírus que tem deixado um rasto de terror e de destruição, os “novos voluntários”, a troco de uma vacina contra a pandemia – a do COVID 19 – são “voluntários” incómodos para a causa por colocarem o espírito de missão de todo o voluntariado, em causa.

Importava por isso que a Lei vingasse e, porque é de elementar justiça, fosse cega. Que, de olhos vendados e espada erguida, fosse implacável.

Assim não ser o conceito sobre o voluntarismo social sai ferido e fica ensombrado por personagens maquiavélicos num tempo em que o rigor a lisura e a solidariedade são valores maiores para a nossa sobrevivência enquanto espécie.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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