Num simples instante a minha vida se reflectiu em nada, o louvor não me saia da boca, comecei a gritar: alguém me desaperta os sapatos por favoriiiiii… Tire-me os sapatos… Não me tirem fotos…
Olhei para mim, e procurei não entrar em pânico, é isso que se aprende… Como agir caso de acidente, como se com a vida por um fio, podemos ter controle de algo.
Prontos não entrei em pânico, gritava desesperadamente por ajuda, do outro lado pude ver o motoboy que se esperneava no chão gritando também por ajuda.
Os flashs quase me fizeram perder o controle… Não me tirem fotos por favor!!!
Ninguém se importava, tinham de autenticar o testemunho.
Apetecia-me levantar e quebrar todos os telefones, eu era uma vitima de um acidente e não um fenómeno da natureza ou uma estrela de cinema. Mas não pude levantar-me tinha o pé quebrado e o meu companheiro estava pior que eu. Olhei à volta à procura de rostos conhecidos, identificado a primeira pessoa dei-lhe o meu telefone e gritei:
– Toma, tenho saldo, ligue para todos os contactos possíveis.
Alguém com um telefone analógico, aproximou-se de mim, tirou-me os sapatos lentamente. Ligou para a Ambulância da sinistralidade rodoviária que veio em seguida.
Dentre os filmadores tinha pessoas que me conheciam, mas não me reconheceram porque estavam ocupados a filmar.
A autora escreve em PT Angola
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