Numa comoção muito grande escrevo este artigo para reverenciar a memória do amigo e companheiro de lutas, Wagner Gomes (1957-2021), que faleceu nesta terça-feira (10), aos 64 anos, inesperadamente, de infarto fulminante.
Wagner é dessas pessoas imprescindíveis, como diz o dramaturgo e poeta Bertold Brecht (1898-1956). Dedicou toda a vida à luta da classe trabalhadora contra a exploração do capital.
Nunca mudou de lado. Sempre disposto a dialogar com sua voz calma e sempre tinha uma solução para toda e qualquer divergência entre companheiros de luta.
Era tão presente a sua forma de agir, que a frase famosa de Ernesto Che Guevara (1928-1967) de que “há que endurecer, mas sem perder a ternura jamais”, lhe cabia muito bem.
Tinha a firmeza dos grandes líderes em seus propósitos, em suas ideias para a construção de uma sociedade mais justa e igual, a sociedade da classe trabalhadora, mas se mantinha sempre aberto ao diálogo
Desde a sua militância ainda antes de ajudar a criar o Sindicato dos Metroviários de São Paulo até a fundar a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), se transformou em personagem fundamental no sindicalismo brasileiro. Encabeçou o fortalecimento do Sindicato dos Metroviários, transformando-o num dos mais combativos e do país.
Sua liderança já era reconhecida pelos inimigos da classe trabalhadora nos anos 1980, quando foi preso na gestão do então governador biônico Paulo Maluf. Integrante da Corrente Sindical Classista (CSC) e militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a sua trajetória foi tão contundente que se transformou num dos mais importantes dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada em 1983.
Wagner foi um dos fundadores a CTB, em 2007, já na direção do Comitê Central do PCdoB. Foi o primeiro presidente eleito da CTB e faleceu como seu secretário-geral. A CTB não teria a importância que tem no movimento sindical sem a sua tenacidade.
Presença constante nas manifestações contra a retirada de direitos da classe trabalhadora, Wagner fará muita falta com sua inteligência e sagacidade nas conversas sobre os rumos do movimento sindical com os prejuízos e retrocessos da reforma trabalhista, de 2017, e do desgoverno de Jair Bolsonaro.
Quem teve o privilégio de conviver com ele, sabe bem que além de perdermos um guia para a nossa luta sindical, perdemos um ombro amigo, tipo um irmão mais velho, sempre acolhedor. Uma pessoa sempre disposta a ouvir e conversar com toda a sua franqueza e serenidade.
O legado de Wagner Gomes fica em nós, que empunharemos e levaremos adiante a luta da classe trabalhadora rumo à sociedade igualitária.